Capítulo 46: Roger Delavega

Cheguei ao prédio já com o corpo cansado, o cheiro de cigarro e café velho grudado na roupa, marcas de mais um dia na delegacia. O sol se despedia atrás dos prédios, tingindo o céu de um laranja gasto, e tudo que eu queria era um banho e silêncio. Mas quando dobrei a esquina do corredor, vi alguém que me fez parar.

Dona Lurdes.

A velha faxineira do prédio.

Eu não a via desde antes de Manu desaparecer. Sempre com o avental florido e o lenço preso na cabeça, varria o corredor e sabia da vida de todo mundo. Se alguém tinha visitas, se houve briga, se o encanamento do segundo andar estourou — nada escapava dela.

E, por coincidência ou destino, ali estava a velha, arrastando o balde e o rodo, cantarolando uma música antiga.

Respirei fundo. Aquilo podia ser sorte.

— Boa noite, dona Lurdes. — A voz saiu mais calma do que eu esperava.

Ela se virou, os olhos se estreitando um pouco antes de me reconhecer. — Uai, mas veja só quem apareceu! O marido da moça… da Manu, né? — largou o rodo encostad
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