O vapor do banheiro me envolvia como um abraço inesperado. Eu fiquei ali, parada diante da banheira, quase sem acreditar que aquilo era real. Fazia tanto tempo que eu não sabia o que era tomar um banho sem medo. Medo de a porta ser aberta a qualquer momento, medo de gritos, de acusações, de ser arrancada daquele pequeno instante de paz.
Meu peito apertou. Eu havia esquecido como era se sentir segura.
A banheira estava cheia, a água soltando um perfume leve de lavanda. Ao redor, sobre a borda, repousavam frascos de sabonetes líquidos, sais de banho, cremes… todos novos, lacrados, como se tivessem acabado de sair da loja. Eram coisas que nunca teriam lugar no meu mundo. E, no entanto, estavam ali, claramente comprados para mim.
Meus dedos tremeram quando retirei o roupão e mergulhei um pé na água. O calor envolveu minha pele, arrepiando cada fio de cabelo do meu corpo. Entrei devagar, sentindo o corpo inteiro ceder. Era como se cada parte de mim gritasse por aquele descanso há meses.
Ap