O celular estava preso ao meu ouvido, a voz de Carmen ecoando em minha cabeça como um lembrete incômodo de um mundo que, por ora, eu já não sentia que me pertencia.
— Senhor Ravi, amanhã às nove o senhor teria reunião com o conselho de investimentos em Milão… às onze, videoconferência com os advogados em Viena… — ela fez uma pausa, o tilintar de folhas sendo viradas chegando até mim. — Às duas da tarde, encontro presencial com os diretores de Zurique.
Fechei os olhos, respirando fundo. O couro frio da parede revestida em madeira sustentava a minha mão. Eu sempre fui esse homem: o que mantinha a ordem, que não se abalava, que encarava três, quatro, cinco reuniões por dia sem sequer pensar em recuar. Mas agora… agora cada compromisso soava como um obstáculo entre mim e o quarto no fim do corredor.
— Cancele Milão. — ordenei, a voz firme, como sempre. — Remarque para sexta-feira. Viena, transfira para a próxima semana. Zurique pode ser mantido. Mas será por chamada.
Do outro lado da linh