Elara*
Fiquei o fitando por alguns instantes, tentando entender se realmente havia escutado o que pensei ter escutado.
— Está mesmo aceitando isso? — perguntei, quase sem voz.
— Eu cheguei aqui disposto a matar o meu irmão — disse, devagar, cada palavra arrastada por um peso antigo. — Disposto a me tornar ainda mais o que meu pai queria que eu me tornasse.
Engoli em seco. Era a primeira vez que ele se referia a Beron como “meu pai”. Aquilo soou como veneno na boca dele.
— Eu venho passando a maior parte do tempo sentindo ódio, Elara. — Ele abaixou o olhar. — Um ódio tão intenso e sufocante que não passa. Mas... quando eu vi Draco daquele jeito, eu me questionei por que ainda estava aqui.
O silêncio que seguiu pareceu arrancar o ar da sala.
— Eu não vou dizer que não sinto raiva dele — continuou, num fio de voz rouca. — Que não queria matá-lo. Eu queria, eu... queria muito. Mas, por um instante, tudo pareceu não fazer mais sentido.
Meu peito se apertou. Era a primeira vez, em muito tem