Cassian*
Eu não lembrava ao certo onde era o esconderijo de Beron, mas em minhas memórias havia um lugar.
Semelhante a um castelo... e eu sempre lembrava do mar.
Do cheiro da brisa fria batendo em meu rosto, o som das ondas se chocando contra as pedras o único eco que me restava enquanto apodrecia naquela cela.
Castor, Lúcia e os últimos lupinos castanhos me acompanhavam.
Mas minha mente era um campo de tortura.
O pensamento de Elara e Marius amarrados, nas mãos dele, me corroía por dentro. Eu respirava, mas era como se o ar me queimasse os pulmões. Nem eu mesmo tinha certeza se voltaria vivo.
Corremos o dia inteiro pela floresta.
A terra sob nossos pés se tornava lama, e o cheiro do sal começou a ficar mais forte conforme o sol morria no horizonte.
Quando os últimos raios tocaram as folhas, eu o vi.
O palácio.
Velho. Imenso.
Cravado na encosta do mar, com muros partidos e torres retorcidas.
Mas havia vida ali.
Lupinos — dezenas deles espalhados por todos os cantos. Sentinelas respira