Elara*
Eu só tive tempo de desviar antes que os dentes de Cassian se fechassem a poucos centímetros do meu pescoço.
O ar cortou minha garganta um rugido que me fez estremecer por inteira.
Segurei Marius com força contra o peito, o coração batendo tão rápido que parecia escapar do meu corpo.
Minhas pernas estavam fracas, trêmulas, e mesmo assim, eu me mantinha de pé apenas pela força do desespero.
Beron assistia à cena como quem saboreia um espetáculo.
Sentado, imóvel, mas com aquele brilho insano nos olhos o brilho de quem se alimenta do sofrimento alheio.
Cassian sacudiu a cabeça, os músculos contraídos, e quando ergueu o rosto, vi que seus olhos já não pertenciam a ele.
Eram amarelos. Frios. Selvagens.
O olhar de uma criatura que não reconhecia mais amor, nem lembranças.
— CASSIAN! — gritei, mas a voz saiu rasgada, impotente.
Não havia resposta.
Não havia nada além da escuridão e da monstruosidade que dominavam o homem que eu amava.
Ele partiu para cima novamente.
Desviei, me arras