Cassian*
Ouvir meu próprio filho me chamar de monstro…
Foi como se algo em mim se partisse, de forma irreversível.
Eu sequer havia tido tempo para olhá-lo nos olhos, para tentar reconquistá-lo, e a primeira palavra que recebi dele foi monstro.
A tempestade cessou, o corpo de Julian foi levado por Castor, e o acampamento mergulhou num silêncio pesado.
Fiquei recluso dentro da tenda. As vozes do lado de fora pareciam distantes, abafadas. O peso da perda, rejeição do meu próprio filho apertavam meu peito até o ar faltar.
Quando a lona se moveu, o som foi quase inaudível.
Elara cruzou a entrada. A luz do luar se derramava sobre o rosto dela, destacando o brilho úmido nos olhos.
Ela não disse nada por alguns segundos — apenas me observou, até que sua voz, suave, se atreveu a quebrar o silêncio:
— Ele se assustou, Cass. É só uma criança, ele... ele não falou sério.
Meu maxilar se contraiu.
— Falou sim. — minha voz saiu áspera, amarga, como ferro raspando contra pedra. — Ele acha que eu mat