Elara*
Meu corpo inteiro tremia, não apenas pelo frio cortante que me queimava a pele, mas pelo peso da cena diante de mim. A silhueta dele estava ali, imóvel, presa nos galhos, como uma estátua esquecida pelos deuses. O vento soprava, espalhando neve sobre seu corpo inerte, e cada rajada parecia enterrar ainda mais a esperança que eu tentava agarrar com unhas e dentes.
Castor não hesitou. Com passos firmes, buscou um caminho seguro pelo penhasco e desceu. Eu, no entanto, fiquei paralisada. Lúcia percebeu meu estado e se aproximou, colocando um casaco em meus ombros. Sua voz saiu baixa, como se temesse ferir ainda mais minha alma.
— Elara... Podemos tê-lo encontrado. Mas faz uma semana. — havia pena em cada sílaba.
— Você deve estar preparada. É... impossível que Cassian ainda esteja vivo. — sussurrou.
Mas eu não desviei os olhos. Não podia. Meu coração gritava em desespero, recusava-se a acreditar. Cassian não podia ter partido. Não assim.
Os minutos pareceram séculos até que Castor