Maya sobreviveu a uma tentativa de assassinato por sua própria irmã, mas jamais descobriu quem a salvou naquele dia. Tudo o que sabia era que aquele homem misterioso era o único que podia tocar sem sentir o doce e letal chamado da morte, uma maldição que a acompanhava desde o nascimento, marcada pela adaga encravada em seu coração que ela não entendia o porque de carregar aquilo desde que nasceu. Agora... ela estava destinada a um homem misterioso e o medo se apossou dela, porque Maya teme que o simples toque de seu noivo possa selar seu destino de vez. Samuel Kan, no entanto, parece determinado a esse casamento, mesmo com a aliança que a família de Maya tem com seus inimigos. O que o motiva a ignorar o ressentimento e insistir nessa união? Mas antes que ela descubra a verdade, algo terrível acontece, tornando-a reclusa e incapaz de subir ao altar. E assim, sua irmã gêmea, a mesma que tentou matá-la, assume seu lugar, transformando o que já era um pesadelo em algo ainda pior.
Ler maisCap. 43 Entrevista com o AlfaEles conseguiram bloquear e Kan não conseguiu perceber que aquela em sua frente era Maya, eles suspiraram aliviados ao perceber que deu certo.A sala de presidência estava silencioso, exceto pelo som abafado do ar-condicionado e da respiração acelerada de Maya ou melhor, Mayara, como se apresentou, usando o nome falso que ensaiara tantas vezes na cabeça.O coração de Maya batia descompassado no peito ao se deparar com quem menos esperava, naquele silencio se prestasse atenção se podia ouvir as batidas, mas para Kan isso não era problema, ele conseguia captar qualquer tensão e nervosismo através das emoções das pessoas e para ele, o coração de Maya estava tão alto quando um tambor, ele só ficou em dúvida se ela de medo ou surpresa.Kan estava ainda mais impressionante do que em suas lembranças: alto, de porte dominante, os olhos de lobo cinzentos pareciam despir sua alma com um único olhar.Instintivamente, ela desviou o rosto, o estômago revirando com o m
Capítulo 42 – A EntrevistaA sala estava silenciosa, exceto pelo som das teclas sendo pressionadas com força. Maya olhava para o monitor com os olhos cansados, a lista de empresas aberta, um currículo recém-atualizado e um nó preso na garganta. Havia perdido tudo — menos os filhos —, e era por eles que ela apertava "enviar", uma vez atrás da outra.— Tá pronta? — perguntou Lior, surgindo ao lado dela como quem só passava por ali.— Pronta pra quê, filho? — ela sorriu, sem energia.— Pra mudar o destino — respondeu ele, com um olhar que não parecia de uma criança.Com a lista em mãos — que os trigêmeos disseram ser “empresas confiáveis e com vagas ativas” —, Maya começou a enviar seus dados. Não leu os nomes. Não teve tempo, nem cabeça. No meio delas, lá estava:Kan Industries — Setor Financeiro e Inovação Estratégica.Ela clicou. Enviou. E não percebeu a sombra que se movimentava ao fundo da realidade, puxando os fios do destino com dedos pequenos e determinados.Enquanto isso...Na t
Capítulo 41 – Plano MirimA luz da lua atravessava as cortinas finas do pequeno quarto, recortando sombras suaves pelo chão de madeira. Ayel, Noam e Lior estavam reunidos sob uma coberta improvisada como tenda, sussurrando com a urgência de quem está salvando o mundo ou sabotando um pedacinho dele.— Ela não vai nos perdoar por isso — murmurou Noam, os olhos azuis piscando levemente.— Vai sim — rebateu Ayel, firme. — Quando tudo der certo, ela vai entender. Mas... por ora é melhor que ela nem desconfie.— E se o Cael descobrir? — Lior coçou a nuca, inquieto. — Ele já está desconfiando da gente, ele não parou de falar que, quando éramos mais novos, ficávamos correndo atrás dele. Mesmo que ele não diga, é impossível esquecer que vivíamos pendurados nas asas dele.— Ele não pode sentir o que a gente sente. A energia que nos liga a ela e… a ele — disse Ayel com uma calma sobrenatural. — Eles não fazem ideia do que somos capazes.No canto do quarto, um tablet exibia gráficos em queda livr
Cap. 40: Os três inimigos do alpha.E então... eles viram tudo. Até o dia do casamento. E, para crianças de apenas cinco anos — por mais inteligentes que fossem — tudo aquilo era insuportável.A dor de Maya quando foi capturada. O momento em que foi tomada à força. O grito sufocado. O medo. A solidão. A tentativa dos próprios pais de matá-la depois da injustiça.A fuga. A luta.E, por fim, o rosto do homem.Kan.Eles não conseguiram ver quem havia sido o agressor de sua mãe. Mas, no momento em que Maya encontrou aquele homem na Vila dos Lobos, os meninos captaram a ligação imediatamente.— Aquele é o papai... — disseram os três ao mesmo tempo, em uníssono.Samuel Kan. O nome ecoava em suas mentes. Era como se a própria magia tivesse sussurrado dentro deles.A conexão foi cortada com um soluço. Manter aquela visão custara caro. Mesmo com Ayel, o mais velho, usando seu dom para intensificar os poderes dos irmãos, o esforço havia drenado todas as forças dos três. Mal conseguiam controlar
Cap 39 Um lobo ligado a seus filhos.Dentro da sala, os berços estavam alinhados, três pequenos corpos repousando calmamente. Seus rostos estavam suavemente iluminados pela luz do luar que entrava pelas janelas altas. Cada um deles envolto em uma manta de tecido real, um luxo incomum que parecia ter sido escolhido a dedo para acolher seres de grande importância.Kan sentiu uma dor profunda. Uma dor que cortava através de suas barreiras mágicas, atravessava os muros de seu coração. Era uma dor física, emocional, algo tão profundo que fez suas mãos tremerem.Ele caminhou até os berços com passos pesados, a garganta apertada. Suas mãos, trêmulas, se estenderam para tocar a manta que cobria um dos bebês, mas o simples toque fez sua alma estremecer. Ele não sabia o que estava acontecendo, mas sabia, com toda a sua essência: aquelas crianças... não eram dele. Por um segundo, ele esperou que a nova ligação da marca viesse delas. Mas não veio.As lágrimas se formaram em seus olhos, mas ele nã
Capítulo 38 – Filhos da Tempestade NascemA chuva caiu sem aviso. Pingos grossos estouravam contra o telhado da pequena casa escondida nas montanhas. O céu se tornara cinza, carregado, como se um presságio estivesse se concretizando. Lá fora, o vento uivava como uma fera prestes a despertar. Já tinham se passado dois meses naquele lugar, e agora parecia que o momento tinha chegado.No quarto, Maya arqueava o corpo de dor, as mãos agarradas ao lençol úmido de suor. A gravidez, que mal completava o sexto mês, tinha avançado de forma surreal. O tempo parecia ter cedido espaço à vontade de algo maior.— Não... agora não... — sussurrou, sentindo a contração rasgar seu ventre como se fosse feita de fogo e aço.No andar de baixo, Cael estava em pé, imóvel, os olhos voltados para o teto, como se pudesse ver através das paredes. A casa inteira vibrava com uma energia primitiva, antiga, que mexia com as entranhas do mundo invisível.Bia, nervosa, atravessava a sala de um lado ao outro.— Ela va
Capítulo 37 : Visita à criatura do terraço e a partida.O elevador não subia até ali.Bia e Cael subiram pelas escadas estreitas, que rangiam a cada passo. O ar ficava mais frio. Mais denso.O último andar da república era como uma masmorra esquecida, envolta em sombras e silêncio.Cael usava a lanterna do celular, mas a luz parecia fraca, sufocada pela própria escuridão.Chegaram à porta interditada.Bia tirou uma chave de dentro da blusa. O som metálico ecoou no corredor vazio quando ela a girou.A porta se abriu com um lamento baixo, como se a casa protestasse. Lá dentro, o ar era quase sólido.E sobre uma cama enorme, feita de camadas de mantas escuras e ossos trançados, uma criatura repousava.Não era humano.Tinha pele opaca, acinzentada, quase translúcida. Olhos fechados, rosto alongado, braços longos e finos demais, como raízes envelhecidas. O peito subia e descia devagar… cansado.Quando sentiu a presença deles, abriu os olhos.— Vieram se despedir. — A voz da criatura era ba
Capítulo 36 Seres disfarçados.O sol mal havia tocado as cortinas quando Maya sentiu uma agitação estranha no ambiente. Seus olhos se abriram devagar, e o murmúrio de vozes baixas à beira da cama a fez prender a respiração.— É anormal, Cael... olha o tamanho — murmurou Bia, com as sobrancelhas franzidas.— Eu sei. Se eu soubesse antes que ela estava grávida, teria providenciado um lugar menos rigoroso. Aqui não é seguro pra alguém nesse estado.Maya permaneceu imóvel, ouvindo. Assim que percebeu qual era a situação, só queria um buraco para se enfiar e fingir que nada estava acontecendo. Mas sua barriga realmente estava maior. Mais do que deveria. O que mais chamou sua atenção, no entanto, não foi a conversa em si, e sim o brilho estranho nos olhos deles. Ela não sabia se foi impressão ou se seus olhos ainda estavam se ajustando à luz, mas jurou ver algo brilhar nos olhos dos dois por nanossegundos. Algo... não humano. Talvez fosse só sua cabeça.De repente, Cael se afastou, puxando
Cap. 35: Lana encontra filhos para Kan.— Bruxos e fadas também podem fazer isso, mas fora dessas barreiras não há... ou há poucas criaturas mágicas com esse tipo de poder. Apenas alguns seres celestiais — que não se misturam com os lobos.— Mas se forem esses celestiais, seria ainda mais difícil encontrar Maya. E mesmo assim, não haveria motivo para... Além disso, não temos seres celestiais no nosso mundo. Pelo menos, não os do nosso mundo. Os que existem aqui não interferem em nada. — Kan parou de falar, pensativo.— O que foi?— Você lembra quando Nova nasceu e foi destinada a mim? — Kan perguntou ao pai, que arregalou os olhos.— Quem a trouxe até nossa planície foram os celestiais de apoio. Mas eles desapareceram assim que Nova foi morta.— Mas você também tem que se lembrar de que, quando fez a separação das criaturas, baniu algumas que estavam fora da nossa categoria aceitável. Tem certeza de que não havia nenhum deles?— Não sei... Naquela época, eu não tinha uma boa detecção,