Mundo de ficçãoIniciar sessãoMaya sobreviveu a uma tentativa de assassinato por sua própria irmã, mas jamais descobriu quem a salvou naquele dia. Tudo o que sabia era que aquele homem misterioso era o único que podia tocar sem sentir o doce e letal chamado da morte, uma maldição que a acompanhava desde o nascimento, marcada pela adaga encravada em seu coração que ela não entendia o porque de carregar aquilo desde que nasceu. Agora... ela estava destinada a um homem misterioso e o medo se apossou dela, porque Maya teme que o simples toque de seu noivo possa selar seu destino de vez. Samuel Kan, no entanto, parece determinado a esse casamento, mesmo com a aliança que a família de Maya tem com seus inimigos. O que o motiva a ignorar o ressentimento e insistir nessa união? Mas antes que ela descubra a verdade, algo terrível acontece, tornando-a reclusa e incapaz de subir ao altar. E assim, sua irmã gêmea, a mesma que tentou matá-la, assume seu lugar, transformando o que já era um pesadelo em algo ainda pior.
Ler mais— Eu não esperava que ela me empurrasse.
Lana me levou até o mirante como costumava fazer nos dias bons. Ela me ajudou a andar, pacientemente, enquanto eu reaprendia tudo do zero desde que saí do coma.
Quando o sol começou a aquecer os jardins da mansão, ela riu alto, como se o mundo tivesse sido feito só para ela. Caminhamos em silêncio até a beira do lago. Ela parou, encarando a água com um brilho estranho nos olhos. — Você sabe quem está vindo à mansão hoje? — ela perguntou, e eu a encarei confusa. — Não sei bem, parece que nossos pais vão receber um alpha? — Não é qualquer alpha... e meus pais ouviram algo dos anciões, que o alpha, após pisar na cidade, encontraria sua Luna, e ele de repente está vindo para nossa casa. Não é incrível? — ela perguntou empolgada, mas eu baixei os olhos com desânimo. Com certeza ela poderia estar ao lado do alpha. Era bonita, inteligente e forte. Ela era realmente talentosa. — Eu não sei muito sobre isso... mas se pode controlar quem o destino escolhe? — perguntei pensativa. — Pois é, não se pode. Mas pode ser uma chance. Pode ser que ele seja meu companheiro. Estou torcendo para isso... além disso... — ela abaixou o olhar, quase hesitando. — As revelações poderiam dizer com fé que a companheira dele está nessa casa. E pode ser eu. — Não se preocupe, irmã. Você será a pessoa que vai ser companheira do alpha com certeza. Porque é uma loba notável. Eu, como uma ômega fraca, nem teria o direito de olhá-lo nos olhos. No mínimo, ainda tenho que conseguir andar com minhas próprias pernas sem sentir dor. — comentei, e ela sorriu de orelha a orelha. — Verdade, não é? Não que eu esteja feliz por isso, mas é o sonho de qualquer loba da alcateia querer se tornar a Luna. Ainda mais do alpha que se tornou superior na região. Por ser de uma descendência rara de deuses, aposto que ele possa ser tão lindo quanto dizem.— E implacável também — pensei — o pouco que ouvi desse alfa, as histórias são como histórias de terror. Um lobo que já é feroz e forte não deveria ter o poder dos raios. É assustador saber que ele usa seus poderes para oprimir seus serviçais e todo o povo.
— Maya, você está bem? — ela perguntou, me despertando dos meus devaneios. — Estou sim. Apenas admirando esse lugar. É lindo… Todas essas plantas, essas flores… tudo parece tão mágico, não é? — perguntei, tentando esconder a dor nas pernas, apoiando-me na grade da ponte para acompanhar minha irmã gêmea. — É por isso que você me traz aqui todo dia? — Na verdade… — ela suspirou, ainda com os olhos fixos no lago. — Eu venho aqui com você pensando em uma coisa. Passei dias criando coragem… fingindo que só quero passar um tempo com minha irmãzinha fofa, mas a verdade é um pouco mais crua, Maya. — O que você quer dizer com isso? — Sabe... normalmente nos tempos antigos os lobos mais fracos eram sacrificados. Afinal... viver nesse mundo seria um sofrimento terrível para eles. Mas... você... eles tiveram nós duas ao mesmo tempo. Será que eles não perceberam que foi o destino os abençoando com a chance de saber que poderia perder uma, mas que ainda tinham outra? Mas, em vez de se livrarem de você, eles apenas deixaram você sobreviver. Até que estivesse acordada e pudesse se tornar uma pedra em meu sapato.Eu não tive palavras para responder nada. Como ela mudou da água para o vinho tão de repente?
— Você tem recebido atenção demais, não tem? Desde que acordou, é como se eu tivesse desaparecido. Nós somos gêmeas, Maya, idênticas… Mas me tratam como uma sombra — disse ela, sem sequer olhar para mim. Seus olhos estavam fixos no reflexo do lago. — Lana... não é assim...Tentei responder, mas minha voz falhou. Falar ainda era difícil. Tudo estava voltando devagar: força, coordenação… palavras. E, diante do que ela acabara de dizer, eu nem sabia como reagir.
Mas Lana percebeu. E sorriu. Um sorriso cheio de desprezo. — Sempre foi assim. A mamãe dormia no seu quarto, chorando por você todas as noites. E agora, mesmo acordada, você ainda é o centro de tudo. Até os professores são mais gentis com você. — Ela finalmente se virou para mim. — Por que você simplesmente não morreu, Maya?O mundo congelou. Eu a encarei, atônita. Ela parecia tão amargurada. Desejei correr.
Mas minhas pernas estavam exaustas da caminhada. E talvez fosse exatamente isso que ela queria. Ela me via como uma ameaça? Como? Alguém que mal consegue se manter de pé, que tem que viver em segredo. Lana é a única que existe para a alcateia. Ninguém sabe que meus pais tiveram gêmeas. Por causa da minha condição, fui mantida em segredo. A família Volpyn não queria ser vista como fraca por ter tido uma filha como eu, que aparentemente não tem um lobo, qualquer habilidade. Mas Lana... ela me via como uma ameaça.Eu tinha apenas doze anos quando abri os olhos pela primeira vez.
Desde o nascimento, essa era minha condição. Mas não era um coma comum. Eu nasci com uma adaga mágica cravada no peito — uma lâmina amaldiçoada atravessando meu coração, protegida apenas pela caixa torácica. Ninguém jamais conseguiu explicar como ela foi parar ali… ou como removê-la sem me matar. Pensei que as pessoas que estavam ao meu redor me vendo abrir os olhos eram as mesmas pessoas em quem eu podia confiar, mas parece que estou equivocada.— Como alguém sem nenhum poder, que nunca vai se transformar, recebe tanta atenção? — ela cuspiu, cheia de ódio. — Você nem tem um lobo, Maya. É como uma humana patética. Sua existência não faz sentido. Por que você acordou? Só pra arruinar a minha vida?
— Lana… isso não é verdade… — Você nem pode ser tocada! Deus, Maya! Você não vê o quanto de dor causou aos nossos pais? Não vê o fardo que é pra essa família? Apenas… morra logo!Apoiei-me na ponte, cabeça baixa, olhos fechados, como se as facadas fossem aquelas palavras.
Ela estava certa que eu era fraca, e que me comparavam a um humano em um mundo onde eu não pertencia. Mas eu sei que um humano não suportaria o que eu aguento. Já faz quatro anos desde que acordei. Agora, aos dezesseis, ainda luto para fazer qualquer coisa. Meus pais dizem que preciso construir resistência. Que um dia conseguirei ficar de pé sem que a adaga drene toda minha energia. Eu sempre lutei por isso. — Mas… eu tenho me esforçado tanto… aprendendo rápido… — Não importa, sua inútil Volpyn. Você nem merece esse sobrenome. — Lana… eu não aguento mais… Se você quiser me odiar, me odeie. Mas não há motivo. Eu nem sei quanto tempo me resta. Pode parar? — choraminguei, sentindo minhas pernas chegando ao limite. — Hoje nossos pais vão receber convidados importantes. E, sinceramente? Eu queria que você nem aparecesse. Já basta ser uma vergonha ambulante. Uma garotinha lenta que mal consegue comer sozinha… Você não percebe o quão patética é? — E-eu posso… posso ficar no quarto — murmurei, a voz fraca, mal saindo dos lábios. Nunca imaginei que Lana se voltaria contra mim. — Você não precisa fazer nada… nem ter medo de mim.Me esforcei para ficar em pé. Minhas pernas tremiam. E o medo que eu estava da minha própria irmã... esse era o que estava me consumindo. Lana estava como se quisesse fazer algo terrível. Meus instintos diziam.
Ela se aproximou, o olhar cheio de ódio contido. Parecia se deleitar com o efeito de cada palavra cruel que dizia. — Não, Maya. Eu não tenho medo de você. Mas percebi que nossos pais querem te dar algo que eu quero. Algo que deveria ser meu. — Ela sorriu, fria e debochada. — Então… por que você não transforma o lago na sua cova? Ninguém vai tomar o que deveria ser meu!A mão dela atingiu meu peito com força.
Não consegui me segurar em nada. A gravidade fez o resto. Minhas costas bateram com força na água enquanto eu encarava Lana apreciando a cena.Cap.158 Epilogo.Mas os meninos, com uma serenidade que doía, sussurraram em coro, quase inaudíveis.— Nossa missão está aqui. Somos a ponte para os que ficaram. Nascemos nesse mundo e ficaremos nele ate que compramos nossa missão. — eles disseram em seguida fechando o portal.Soraya observava, com o semblante imutável, e disse, com a voz que carregava certeza.— Vocês fizeram bem. Ainda existem milhares de deusas do tempo, lobos e demais criaturas escondidos neste mundo. Muitos precisam ser retirados com cuidado. Além disso ainda temos seus tios, Cael e Bia estão atrasados — acrescentou ela, tocando o ar como quem chamasse uma ampulheta —, mas virão. Estejam prontos, o portão os levarão ao lugar certo, sempre que vocês encontrar uma nova criatura, o portal os levara para o lugar certo.Ao passar, Kan olhou para trás uma última vez onde o portal se fechou em seguida para as pessoas que o esperavam, era naquele mesmo campo de guerra onde tudo tinha ruído o lugar era diferente do que er
Cap.157Lior respondeu, com serenidade.— Ele está bem. Vive em paz com os lobos e os feiticeiros. Do outro lado, não há mais guerra. Todos cansaram de lutar e decidiram viver juntos, ele ficou surpreso com a fissura, e nos reconheceu, mas o que esta do lado de lá, não pode passar para esse lado, não temos ainda a capacidade de fazer os dois lados funcionarem, então quando a gente passar, esse mundo será apenas uma lenda, ate que a gente domine totalmente esse poder, mas ele mesmo contou que estão vivendo bem, e que ficaram aliviados de parar com as guerras, ainda mais agora que viram o que realmente aconteceu, viu? Eles descobriram que podiam viver em paz.— Viver juntos... — repetiu Kan, quase sem acreditar.— Sim, — completou Noam. — Desde que a deusa Alessa voltou... parece que desse mesmo mundo que estamos, uma deusa da natureza. eles têm reconstruído tudo. O mundo deles é bonito agora, cheio de vida. E... moderno, pai. Parece até mais do que esse.Kan ficou em silêncio por longo
Cap.156O campo de batalha estava imóvel. Após todo o estrondo e revelação.Onde antes o rugido dos lobos e o eco dos feitiços quebravam o céu, agora só restava o som do vento.Cinzas, poeira e sangue se misturavam à terra, e cada sopro de ar parecia carregar o lamento dos que haviam caído.Kan estava de pé, parado diante do ponto onde Maya e Lana haviam desaparecido.Nada restara, nem corpos, nem cinzas. Apenas uma marca profunda no chão, como se o próprio tempo explodido ali.Atrás dele, o exército de lobos e o exército de feiticeiros estavam separados, imóveis, incapazes de lutar, de falar, ou sequer de se encarar.As espadas estavam jogadas, as armaduras quebradas.Era o fim.O vento atravessava o vale, sussurrando como um cântico de despedida.Cada alma que partira parecia estar presente naquele silêncio pesado, naquele arrependimento coletivo que pairava entre os dois mundos.Gabriel se aproximou lentamente, pousando uma mão firme sobre o ombro do irmão.Kan não desviou o olhar
Cap.155— Após a explosão de luz, o mundo pareceu silenciar.O campo de batalha estava imóvel, os exércitos paralisados, e até mesmo as deusas do tempo recuaram, observando o que havia acontecido. Mas então, algo aconteceu.Uma lembrança antiga se projetou diante de todos — um passado que ninguém poderia ignorar — compartilhado como se fosse um aviso, uma memória ancestral gravada no próprio tecido do mundo. Todos puderam sentir aquele segredo sendo implantado em suas mentes, para que jamais pudessem esquecer. Eram lembranças que atravessavam todos os outros mundos.No grande castelo dos originais, o ar estava tenso.O rei original e a rainha original dos feiticeiros e lobos estavam juntos, majestosos, irradiando poder e autoridade.Mas, mesmo assim, a paz não reinava dentro de sua própria casa. Seus filhos, os herdeiros do sangue original, discutiam com fúria.— Não podemos nos unir! — gritou um dos filhos, olhos cheios de ódio e medo. — Isso é impossível! Nossas espécies não devem s
Capítulo.154Lana narrando.E foi assim que tudo acabou... usei todo meu esforço para travar o tempo, e agora... o campo de batalha é como um retrato enquanto passo com meu cavalo seguindo em direção aos dois corpos suspenso no ar, em posição de juízo final, um original enfrentando outro quando deveriam estar unidos.Foi assim que o destino mudou.De um lado, o alfa, o homem que desafiava o próprio céu, cercado por deusas que o tempo temia e o poder reverenciava.Do outro, minha irmã, Maya, o último raio de pureza entre os feiticeiros mais poderosos que já caminharam pela terra, foi isso que ela se tornou e era lindo.E entre eles… agora estava eu, a mistura dos dois mundos.A que nasceu fria. A que acreditava que o amor era apenas uma distração para os fracos.O vento cortava o campo de batalha, espalhando o cheiro metálico do sangue e o eco das magias que colidiam.E diante dos meus olhos, o instante se transformou em eternidade, eu queria lembrar de toda essa catástrofe desse jeito
Cap.153O vento soprava pelo campo, e as folhas tremiam como se pressentissem a tempestade prestes a desabar.Do lado inimigo, os feiticeiros já se aproximavam, confiantes, sem saber que estavam prestes a enfrentar não apenas um exército de lobos, mas a própria justiça do tempo.Kan fechou os olhos por um instante, sentindo a responsabilidade esmagar seu peito.— Hoje… nós lutamos não apenas pela sobrevivência, mas pelo futuro de todos que amamos. — Sua voz ecoou pelo campo, carregada de autoridade e determinação.As deusas permaneceram imóveis, aguardando o instante exato. Quando retirassem as vendas, nem os ventos, nem a terra, nem a magia seria suficiente para deter o poder do tempo. E naquele momento, Kan sabia que todos, de ambos os lados, teriam que encarar a verdade de sua própria mortalidade.O céu pareceu escurecer ainda mais, como se o mundo inteiro prendesse a respiração, ciente de que a guerra prestes a começar não seria apenas física, seria uma batalha que envolveria dest
Último capítulo