Cassian*
Eu não sabia ao certo o que havia me acontecido após cair do penhasco. Só lembrava de fechar os olhos e ver tudo desaparecer.
Não apenas meu corpo, mas minha própria alma parecia ter sido tragada pelo vazio. Tudo o que eu tinha sido. Tudo o que eu era.
E, mesmo nos últimos instantes, o que me veio não foi a minha vida em flashes. Não foram batalhas, vitórias ou derrotas. Foi ela. Sempre ela.
Elara, surgindo em diferentes momentos, em diferentes lembranças… mas sempre presente.
Seu olhar furioso, seu sorriso raro, seus gritos de raiva, seus silêncios cheios de dor. Ela me assombrava até na morte.
Então tudo se apagou.
A sensação de não existir… até que algo me alcançou.
Primeiro, o calor.
Um calor estranho, desesperado, que queimava contra minha pele gelada. Depois, a pressão suave e quente de lábios contra os meus.
E foi como respirar depois de séculos submerso. Como abrir os olhos pela primeira vez em toda minha vida.
Quando despertei, a primeira coisa que vi foram os olhos