Lúcia*
A tempestade caía impiedosa lá fora, como se o céu inteiro quisesse se partir ao meio. Mesmo assim, alguns de nós ainda se recusavam a dormir. Eu estava na tenda grande do acampamento com quatro jovens lupinos, bebendo vinho e tentando afogar qualquer resquício de preocupação nos jogos e nas gargalhadas.
Eu já tinha perdido a conta de quanto havia bebido. Minha noção estava turva, leve como fumaça.
— Quando vai me dar uma chance, Lúcia? — perguntou um jovem bonito, de cabelos loiros.
— Chance de quê exatamente? — ergui a sobrancelha.
— Eu poderia ser um bom marido. —
Uma gargalhada me escapou.
— Ah, você não ia gostar de mim… Eu seria uma péssima esposa. —
Ele sorriu e ousou pousar a mão sobre a minha.
— Eu duvido disso. —
O ar mudou. Senti meu corpo se empertigar, o clima ficando mais pesado quando nossos olhares se encontraram.
— Tudo bem, já chega disso. — a voz grave de Castor cortou o ar como um trovão, reverberando dentro da tenda.
Todos se sobressaltaram. Num instante, o