Sem que eu notasse, duas semanas se passaram. Minha recuperação estava sendo lenta, dolorosa, como se meu corpo ainda estivesse aprendendo a existir depois de tanto tempo sem água ou comida. A cada dia, uma melhora mínima, mas suficiente para me manter de pé.
Cassian estava sempre lá. Não se aproximava de fato, não dizia nada, mas todas as vezes que eu erguia os olhos, ele estava no canto, parado, me observando. Aquilo me consumia, me confundia. Como se, de alguma forma, ele vigiasse minha recuperação — e eu não sabia se era por ódio ou por algo que eu não queria admitir nem para mim mesma.
Naquele dia, Lúcia decidiu me levar aos jardins. O sol beijava minha pele pálida, e por um momento me senti viva de novo.
— Você já está ganhando até nova cor. — disse ela, sorrindo.
— Você é exagerada.
— Claro que não. — sentou-se ao meu lado.
Seu olhar se perdeu um pouco, pensativo, antes de voltar a mim.
— Sabe... Eu acho que nunca tinha visto Cassian tão transtornado quanto naquele dia em que v