O sábado chegou mais rápido do que Luna esperava. Desde a manhã, Samantha estava enviando mensagens com ideias de roupas, maquiagens e penteados, como se o evento fosse um baile de gala. Luna, por outro lado, não se sentia tão animada assim. Havia algo em seu peito que oscilava entre ansiedade e curiosidade. Allan estaria lá.
— Vamos, Luna, se apresse! — gritou Samantha do quarto, já pronta e usando um vestido curto e cintilante. — Essa é sua chance de impressionar o Allan. — Eu não quero impressionar ninguém, Sam — respondeu Luna, escolhendo um vestido simples, azul claro, que destacava seus olhos verdes. Samantha fez uma careta. — Amiga, com esse vestido você já vai impressionar sem esforço. Acredite. Mario chegou pouco depois para buscá-las, de jeans e camiseta, tentando não demonstrar o incômodo quando Samantha falava demais sobre Allan. — Vocês só falam desse Allan. Aposto que ele nem vai aparecer — disse ele, ligando o carro. Mas, no fundo, Luna sentia que Allan não só apareceria como faria questão de encontrá-la. --- A casa de Becca estava lotada, com música alta, luzes coloridas e muita gente dançando no jardim. O cheiro de comida, misturado com perfume e bebida, preenchia o ar. Luna, Samantha e Mario entraram juntos, e em poucos segundos Samantha já havia sumido no meio da multidão, animada como sempre. — Quer beber algo? — perguntou Mario. — Só um refrigerante — disse Luna, olhando ao redor. Havia tanta gente que ela mal sabia por onde começar. Então, como se sentisse o peso de um olhar, virou-se e o viu. Allan estava encostado em uma parede, usando uma jaqueta de couro preta e uma expressão calma, quase arrogante. Mesmo em meio à confusão da festa, era impossível não notar a presença dele. Quando seus olhos encontraram os dela, foi como se o mundo parasse por um instante. --- Allan atravessou o espaço cheio de gente como se ninguém mais importasse. Quando parou diante de Luna, o coração dela quase parou junto. — Você veio — disse ele, com aquele sorriso enigmático. — Eu disse que viria, não disse? — respondeu, tentando soar confiante, mas a voz saiu quase como um sussurro. — Estou feliz que cumpriu a promessa. — Seus olhos percorreram o rosto dela de um jeito intenso, e Luna sentiu o rosto corar. Por alguns segundos, nenhum dos dois disse nada. A música alta e as conversas ao redor pareciam desaparecer. Era como se apenas eles dois existissem naquele momento. --- — Quer dançar? — perguntou Allan, oferecendo a mão. Luna hesitou. — Eu não sou muito boa em dançar… — Não precisa ser — disse ele, a voz baixa e firme. Antes que ela pudesse recusar, Allan já a levava para o centro da sala. A música mudou para algo mais lento, quase hipnótico. Ele colocou uma mão em sua cintura e, com a outra, segurou sua mão delicadamente. Luna sentiu uma onda de calor percorrer todo o seu corpo. Era como se o toque dele despertasse algo dentro dela. — Você me deixa… nervosa — confessou, com um sorriso tímido. — E você me deixa… completo — respondeu Allan, em um tom tão sério que Luna quase perdeu o fôlego. --- Enquanto dançavam, Luna sentiu algo estranho. O ar ao redor parecia mais quente, e por um breve instante, ela achou ter visto os olhos de Allan brilharem em tons dourados, como se refletissem a luz da lua. Piscou várias vezes, achando que era imaginação. — Você… não é como os outros — disse ela, sem pensar. Allan sorriu de um jeito quase triste. — E você não faz ideia do quanto isso é verdade. Antes que Luna pudesse perguntar o que ele queria dizer, alguém gritou seu nome. Era Samantha, chamando-a para uma foto em grupo. Allan a soltou, mas não tirou os olhos dela. — Ainda vamos conversar, Luna — disse ele, com um tom quase de promessa. --- Quando a festa já estava quase no fim, Luna foi para o quintal, precisando de ar fresco. A lua brilhava no céu, cheia e intensa. Ela fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Foi quando ouviu passos atrás de si. — Luna. — A voz de Allan soou perto demais. Ela se virou, e o encontrou olhando para ela como se fosse a única pessoa no mundo. Por um instante, Luna sentiu que algo dentro dela — algo profundo e desconhecido — respondia àquele olhar. Era como se, em algum nível, ela já o conhecesse.