A lua cheia brilhava sobre o quintal da casa de Becca, derramando sua luz prateada sobre todos os cantos da festa. Luna se afastou do agito da música e da multidão, procurando um pouco de silêncio. Encostou-se em uma árvore, respirando fundo, tentando entender por que Allan a deixava tão nervosa e, ao mesmo tempo, tão… viva.
Foi então que ouviu passos atrás dela. — Luna. — A voz profunda e grave fez seu coração disparar. Ela se virou e viu Allan, iluminado pela luz da lua. Seus olhos, naquele instante, pareciam ainda mais intensos, refletindo um brilho estranho, quase sobrenatural. — Você está bem? — perguntou ele, aproximando-se. — Sim, eu só… precisava de um pouco de ar — respondeu Luna, sentindo-se estranhamente vulnerável sob o olhar dele. Allan parou diante dela, tão perto que ela podia sentir o calor de seu corpo. — Lugares como esse… nem sempre são seguros para você. Luna franziu o cenho. — Como assim? É só uma festa. Allan desviou o olhar para a floresta atrás da casa, como se estivesse atento a algo que ela não podia ver. — Nem sempre as coisas são o que parecem. --- Luna seguiu o olhar dele, mas não viu nada além das árvores. No entanto, uma sensação estranha a fez arrepiar. Era como se alguém — ou alguma coisa — estivesse ali, observando-os. — Allan, está tudo bem? — perguntou, desconfiada. — Não. — Ele se moveu rapidamente, ficando entre ela e a floresta. — Fique atrás de mim. Luna não entendeu o que estava acontecendo, mas algo na expressão dele a fez obedecer. Seu corpo inteiro estava tenso, como se estivesse pronto para lutar. O olhar dele parecia afiado, quase selvagem. Foi quando Luna ouviu um estalo vindo da mata. Ela engoliu em seco. — O que é isso? — Não se mova — disse Allan, a voz mais grave do que nunca. De repente, algo grande se moveu entre as árvores, rápido demais para ser um animal comum. Luna só conseguiu ver uma sombra, mas o som de passos pesados e o farfalhar das folhas deixaram claro que aquilo se aproximava. Allan deu um passo à frente, e Luna sentiu uma energia estranha no ar, quase como uma pressão invisível. Por um breve instante, jurou ver os olhos dele brilhando em tons dourados. --- — Quem está aí? — gritou Allan, com uma autoridade que fez o próprio ar parecer tremer. O som cessou, mas Luna ainda sentia a presença daquilo. Um calafrio percorreu sua espinha. Allan se virou para ela. — Preciso te tirar daqui. — O quê? Por quê? — perguntou Luna, assustada. — Confie em mim. — Ele segurou sua mão, firme e quente, e a levou para longe do quintal. Luna, sem entender nada, olhou para trás e viu que a sombra havia desaparecido. Mas o medo e a tensão no rosto de Allan diziam que aquilo não tinha acabado. --- Eles pararam apenas quando chegaram à frente da casa, longe das luzes da festa. Allan soltou sua mão devagar, respirando fundo como se tentasse se controlar. — Você precisa ter cuidado, Luna — disse ele, sério. — Há coisas… que você não conhece. Coisas que podem te machucar. — Que coisas? Você está me assustando, Allan — respondeu ela, com a voz trêmula. Ele hesitou por um momento, olhando fundo nos olhos dela. — Eu queria poder te contar tudo agora… mas não posso. Não ainda. Luna sentiu uma mistura de frustração e confusão. — Então por que você fica me olhando desse jeito? Por que age como se me conhecesse? Allan deu um passo em direção a ela, e Luna sentiu seu coração acelerar. — Porque eu conheço. Mais do que você imagina. Ela abriu a boca para perguntar algo, mas, antes que pudesse falar, Samantha apareceu, rindo e chamando Luna para uma foto com o grupo. Allan se afastou, voltando a vestir a máscara de mistério. --- Naquela noite, enquanto voltava para casa, Luna não conseguia parar de pensar nos olhos de Allan e na forma como ele reagiu àquela sombra na floresta. Quem — ou o que — estava os observando? Quando se deitou, olhou para a lua cheia pela janela. E por um instante, jurou ver uma figura escura na beira das árvores. O mesmo arrepio percorreu seu corpo. Ela fechou os olhos e sussurrou: — Allan… quem é você?