Hugo MouraRespiro fundo, tentando controlar o orgulho, mas não posso deixar o Vittorio no escuro, essa mulher é perigosa. Ligo para ele que me atende no segundo toque.“ Vittorio, preciso te contar algo. Recebi uma ligação da Liliane hoje. Ela não está nada feliz com o que está acontecendo entre você e Heloísa.” Vittorio: “O que ela disse?” “ Ela está com ódio, falando que você a descartou. Disse que estava sozinha, que você a ignorou desde que se afastou dela... e, claro, ela não deixou de mencionar que espera que eu faça alguma coisa a respeito.” “ Isso é ridículo... Ela não tem vergonha? Está tentando manipular você também, Hugo.”“Eu sei, eu sei, mas ela fez questão de ressaltar que agora está grávida de você... E que, por mais que você tenha fugido, ela não vai deixar isso barato."“Ela está jogando sujo, não vai passar. Eu não vou mais cair nessa. O que ela quer, eu sei muito bem. Mas você, Hugo... tem que entender que o que estou fazendo com Heloísa não é só sobre mim, é so
Marina Bernard Desde que soube que o Augustus estava sendo obrigado a se casar, meu coração ficou em pedaços. Tentei de tudo mas ninguém me deu ouvidos. Agora estou aqui a caminho de Londres para “meu noivado” não tenho ideia de quantas lágrimas já derramei, entretanto ninguém me escuta. — Filha, de um sorriso, parece que está indo para seu velório ao invés do seu noivado. — Porque é assim que me sinto. Não serei feliz ao lado de alguém que não amo. — O que é amor, para você? Aquela coisa suja que você tinha com seu primo? Marina, o Augustus vai fazer o que tem de ser feito, casar e seguir com o legado da família. — Então prefiro morrer, pois não seremos felizes. De que adianta ter dinheiro e não ter amor? — Desde quando amor enche barriga, deixe de ser extupida e case com o rapaz que seu pai escolheu. Assim que minha mãe encerra a conversa com um bufar de irritação, eu me afundo no banco do carro. Meu coração está pesado, e a ideia de cruzar aquelas portas para um
Heloisa Moura Eu estava perdida entre as prateleiras de roupas infantis, sem saber exatamente o que comprar. Cada peça parecia tão pequena e delicada, e, ao mesmo tempo, tão cheia de significado. A ansiedade começava a tomar conta de mim — cada item parecia um passo mais fundo nesse caminho que, de alguma forma, eu ainda não sentia que estava pronta para trilhar. Não era sobre o bebê, claro. Eu estava empolgada para ser mãe, mas havia tantas outras coisas na minha mente, tantas questões não resolvidas, principalmente sobre o que estava por vir com Vittorio, minha vida e tudo o que ainda precisávamos enfrentar. Foi então que ouvi passos atrás de mim. Uma presença que me fez imediatamente tensionar os ombros. Quando me virei, vi quem estava ali. Liliane. Ela estava impecável, como sempre, com um sorriso no rosto que eu já sabia o que significava. O olhar dela? Calculista. Fui tomada por uma sensação desconfortável, algo que tentava evitar, mas sabia que não teria como ignorar. A úl
Heloisa moura Minha cabeça latejava quando finalmente abri os olhos. Tudo estava escuro. A única luz vinha de uma pequena fresta no alto da parede, fraca demais para iluminar completamente o ambiente. Tentei me mexer, mas meus pulsos estavam amarrados. A lembrança veio como um soco no estômago. Liliane. O sequestro. O carro acelerando pela estrada. Engoli em seco, forçando minha respiração a ficar sob controle. Pânico não me ajudaria agora. Precisava entender onde estava e encontrar uma forma de sair. — Finalmente acordou. — A voz de Liliane soou próxima, e meu corpo se enrijeceu. Ela surgiu da escuridão, sentando-se à minha frente com um sorriso vitorioso nos lábios. Seu olhar era calculista, cheio de uma satisfação doentia. — Você devia agradecer, Heloísa. Eu poderia ter feito isso de um jeito muito pior. — O que você quer? — minha voz saiu rouca, a garganta seca. Ela inclinou a cabeça, como se estivesse se divertindo com a pergunta. — Quero que você entenda seu lugar. — E
Vittorio Bianchi Ligo pela terceira vez, e o telefone vai direto para a caixa postal.Minha respiração está pesada, meu peito apertado, e um mau pressentimento rasteja pela minha espinha.Heloísa disse que não demoraria. Saiu para comprar algumas coisas para o bebê, animada, cheia de planos. Mas já se passaram horas, e ela nunca fica tanto tempo fora sem me avisar.Seguro o telefone com força, tentando controlar a angústia que cresce dentro de mim.Tento de novo. Caixa postal.Meu coração acelera. Isso não está certo.Aperto o volante com força antes de arrancar com o carro. Eu preciso encontrá-la.Algo está muito errado. E eu sei exatamente quem pode estar por trás disso.Liliane.Se ela fez alguma coisa com Heloísa, não há lugar no mundo onde possa se esconder de mim.Acelero pelas ruas como se cada segundo fosse uma sentença. Meu coração bate tão forte que posso ouvi-lo nos ouvidos, abafando qualquer outra coisa ao meu redor.Ligo para todos que podem saber onde Heloísa está—ningu
Heloísa Moura Meus joelhos continuam fracos quando Vittorio me ajuda a entrar no carro. Meus dedos tremem enquanto seguro sua mão, como se precisasse de algo real para me ancorar na realidade. — Está tudo bem agora, amor — ele murmura, apertando minha mão com carinho. — Eu estou aqui. Quero acreditar nessas palavras, mas o medo ainda pulsa dentro de mim. O olhar de Liliane, sua voz cheia de veneno, suas ameaças... tudo ecoa na minha mente como um pesadelo que não acaba. Vittorio dá a partida, e logo estamos na estrada, deixando aquele hotel maldito para trás. Mas, mesmo longe, sinto como se Liliane ainda estivesse à espreita, esperando a hora certa para atacar de novo. — Ela falou alguma coisa? Fez algo com você? — Vittorio pergunta, sua voz carregada de preocupação. Desvio o olhar para a janela, vendo as luzes da cidade passarem em borrões. — Ela só queria me assustar — respondo baixinho. — Queria me mostrar que pode nos atingir a qualquer momento. Ele aperta o volante, os nó
Vittorio BianchiSaio do quarto em silêncio, certificando-me de que Heloísa está em sono profundo. A respiração dela é tranquila, mas sei que sua mente está longe disso. Cada pesadelo que Liliane plantou nela ainda a assombra. E eu não posso permitir que isso continue.Pego minha jaqueta no encosto da cadeira e deslizo para fora da casa sem fazer barulho. O ar da madrugada é frio, carregado com aquela energia densa de algo prestes a acontecer. O carro está estacionado logo ali, esperando. Quando ligo o motor, um arrepio sobe pela minha espinha. Esta noite pode mudar tudo.Dirijo até um galpão abandonado na zona industrial. Hugo já está me esperando ao lado de um carro preto, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. Seus olhos brilham sob a luz fraca do poste mais próximo. Ele sempre teve esse ar de quem já viu e fez mais do que deveria.Assim que desço do carro, ele se aproxima.— Tem certeza disso, Vittorio? — sua voz é baixa, mas carregada de significado.Encaro-o com firmeza.— Lilia
Hugo MouraAo chegar em casa, senti o peso da minha consciência como nunca antes. Cada palavra dita por Vittorio ainda ecoava na minha mente, como um lembrete incômodo de que eu estava falhando com as pessoas que mais importavam na minha vida.Ava estava sentada no sofá, absorta em um livro, mas assim que me viu entrar, ergueu os olhos, percebendo de imediato a minha inquietação.— Hugo? Aconteceu alguma coisa?Passei a mão pelos cabelos, suspirando. Sentei ao lado dela, sentindo meu peito apertar.— Aconteceu, sim. E eu preciso admitir que estive errado esse tempo todo.Ela fechou o livro e se virou completamente para mim, aguardando. Seu olhar sempre atento e compreensivo me encorajou a continuar.— Eu fui um idiota, Ava. Um irresponsável com a minha filha e um péssimo amigo para o Vittorio. — Respirei fundo antes de continuar. — Ver a maneira como ele protege a Heloisa, como está disposto a tudo para o bem dela, me fez enxergar o que eu estava ignorando. Eu deveria ser o pai dela.