Aurora Rossi
O intervalo finalmente chegou.
A aula de História da Arte tinha sido mais longa do que o habitual — ou talvez fosse só minha ansiedade que deixava tudo mais lento. Entre uma explicação sobre Caravaggio e uma análise de sombras barrocas, minha mente vagava. Lorenzo. Sempre ele. Depois daquela noite em que tudo ficou em silêncio, eu não conseguia mais fingir que estava tudo bem. E agora, eu ia escrever. Só uma mensagem. Um oi. Um "como você está?", talvez.
Peguei o celular, sentada no pátio de pedra, com o sol filtrado pelas árvores, os colegas rindo ao longe. Tudo parecia leve ao redor. Menos dentro de mim. Havia saudades da semana passada, dos meus pais e dele. Lorenzo.
Mas bastou desbloquear a tela para a realidade me engolir.
Notificações.
Muitas.
Instagram, Twitter, até o WhatsApp parecia ter explodido. Meus dedos deslizaram sozinhos, e então eu vi.
A foto.
Lorenzo. Camille.
Os dois no sofá dele, abraçados, como se o tempo nunca tivesse passado. Como se não houvesse fe