Lorenzo Bianchi
Eu tranquei o curso sem pensar duas vezes.
O diretor do programa tentou argumentar, perguntando se era devido à pressão, da carga horária, da distância. Eu só disse que era pessoal — e, por Deus, era. Nunca uma palavra fez tanto sentido quanto essa. Tudo era pessoal agora. Cada minuto longe dela era um segundo a mais em que algo se perdia entre nós.
Comprei a passagem na madrugada, só com a mochila nas costas e a certeza de que, se eu não fosse, perderia a única pessoa que fazia sentido na minha vida.
Camille conseguiu exatamente o que queria. Me envenenou com bebida naquela noite, me fez acordar ao lado dela sem memória alguma do que tinha acontecido. E depois, postou a foto. Escolheu o ângulo, a luz, a legenda. Eu só percebi quando meu telefone explodiu com mensagens do Matteo e depois… silêncio. Silêncio de Aurora. Aquilo doeu mais que qualquer golpe.
E então, soube que só existia uma saída: contar a verdade. Pessoalmente.
Horas depois, o avião pousava em Veneza. O