Lorenzo Bianchi
A luz do sol me despertou antes da consciência. Aquela claridade morna, filtrada pelas cortinas brancas, invadia a sala com a delicadeza de um sussurro — e ainda assim, me atingia como um soco. Pisquei devagar, tentando entender onde estava. O teto era familiar. As texturas, os cheiros… Tudo me dizia que eu havia voltado.
Voltei?
O primeiro pensamento foi esse, mas a cabeça latejava. Um peso estranho pulsava atrás dos olhos, como se a noite anterior tivesse sido afogada em álcool, embora eu não conseguisse lembrar de mais de dois goles de vinho.
Vinho.
Camille.
Virei lentamente o rosto e ela estava ali. Dormindo, ou fingindo. Os cabelos claros espalhados sobre o sofá, os ombros nus à mostra, e o lençol puxado até a cintura, revelando a curva das costas que eu conhecia bem demais. Meu corpo estava entrelaçado ao dela — pernas, braços, calor.
Tudo gritava intimidade. Tudo parecia ter voltado a ser como antes.
Mas não era.
Minha mente girava em câmera lenta, com