Aurora Rossi
Seis meses.
Seis estações curtas de uvas amadurecendo e corações tentando esquecer.
Desde que Lorenzo partiu para Nova Iorque, meu coração parece encolher um pouco mais a cada dia. A saudade dele não é só ausência — é presença demais em tudo. No cheiro do parreiral ao entardecer. Nos degraus da varanda onde ele costumava desenhar. Nas páginas em branco do meu caderno, onde antes cabiam nossas conversas silenciosas.
Todas as noites, antes de dormir, envio uma mensagem. Às vezes um texto longo, às vezes só um “penso em você”. Sei que ele lê. O aplicativo me mostra aquele maldito “visualizado”. Mas as respostas... vêm com menos frequência. Mais curtas. Mais frias. Como se ele estivesse congelando, pouco a pouco, do outro lado do oceano.
Hoje, no impulso de sentir algo dele, qualquer coisa, abri o perfil dele nas redes sociais.
Fazia semanas que eu evitava. Como se olhar fosse tornar tudo mais real.
A primeira foto que apareceu foi como um soco:
Ele estava sorrindo, o rost