Capitulo 106

Lorenzo Bianchi

Voltar para a Itália, mesmo que por uma semana, foi como respirar fundo antes de mergulhar. Os vinhedos ainda estavam lá, estendidos como braços abertos, e o cheiro da terra me envolveu como um velho cobertor. Cada canto da casa, cada chiado do assoalho, parecia sussurrar “bem-vindo de volta”, mas eu sabia — não era um recomeço, era uma despedida adiada.

A semana passou depressa. Revi os amigos do vilarejo, ajudei meu pai na adega, ouvi histórias novas e antigas do nonno, como se ele quisesse me deixar um pouco mais de si antes da partida. E, entre um dia e outro, Aurora.

Nos víamos sempre que podíamos, mas nunca falamos muito sobre o que viria. Ela não perguntava quando eu voltaria. Eu não dizia quando partiria. Era como se estivéssemos tentando empurrar o tempo com as mãos, só para ficar mais um pouco dentro daquele agora.

Na véspera da minha volta a Nova Iorque, mandei uma mensagem curta.

Lorenzo:

Me encontra no parreiral. Hoje. Antes do pôr do sol.

Ela respondeu co
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