Em meio ao brilho de suas carreiras e à solidez de uma amizade de longa data, dois médicos abastados veem seus corações serem atingidos pela mesma flecha: uma enfermeira de beleza singela e recatada. Dividida entre o apreço por ambos, a jovem se vê em um turbilhão de sentimentos, incapaz de eleger um único caminho para o amor. O destino, em sua ironia, tece uma trama ainda mais complexa quando ela se descobre grávida de gêmeos, concebidos em momentos distintos com cada um dos amigos, lançando uma sombra de incerteza sobre o futuro dos três.
Ler maisDenis disse que Pérola não poderia ficar sozinha naquele estado. Ela, por sua vez, afirmou que ficaria bem e pediu para ele ir embora, pois seus familiares chegariam de madrugada. Ele se foi, dizendo para ela ligar se precisasse de algo. Pérola sabia que ele tinha ido ficar com a noiva, era a atitude lógica. Ela não dormiu nada. No dia seguinte, chegaram familiares de seu pai e sua avó e tia materna, vindas de outro estado. Pérola não tinha forças para nada, estava muito mal, não comia nem bebia desde que soube da notícia. Sua família cuidou de tudo do velório, e ela não sabia como reagir àquela situação, não se imaginava sem a mãe, só queria sumir, precisava de um tempo para si. As pessoas queriam lhe dar palavras de conforto e apoio, mas aquilo só piorava tudo. Pérola estava sentada no velório, em um canto, dopada, nem havia falado da gravidez, vestindo roupas largas para esconder. Conversou com vários colegas de trabalho de sua mãe. A família de Denis, sua tia e mãe, também compare
A médica foi bem clara, dona Lucinda precisava de repouso absoluto e cuidados, e nada de ficar nervosa. Isso seria o mais difícil, é claro. Pérola já não sabia mais o que fazer, sua mãe estava sem trabalhar e o tempo para sair do apartamento e voltar para casa era curto. Só o salário de Pérola não seria suficiente para nada. Pela mãe, ela se manteve forte, parou de chorar, mas por dentro estava arrasada. Klaus não deu sinal de vida, visualizava todas as suas mensagens e ignorava. Chegou uma hora em que Pérola parou de tentar falar com ele, depois de mais de 100 mensagens e 50 ligações. Parou porque ele só ficaria com mais raiva dela. Dona Lucinda teve uma melhora significativa e recebeu alta. Pérola não viu mais Denis no hospital, com certeza ele a estava evitando, e ela não esperava muito dele naquela altura do campeonato. Foram para casa, e Pérola, muito cansada, ainda fez faxina e preparou o jantar. Por volta das 19h15, Denis ligou. Pérola atendeu: "Alô". Ele respondeu:— Pérola, e
Pérola sentia um medo paralisante de magoar Klaus ainda mais se procurasse Denis. Ele se sentiria muito mais traído. Denis estava noivo de Samantha, e Pérola estava péssima, angustiada, nervosa e com medo de que algo acontecesse com Klaus por sua causa. Ela enviou várias mensagens pedindo para conversar, mas ele continuava a ignorá-la, e aquilo a estava destruindo. Começou a pensar em fazer uma besteira, se machucar, fazer algo para interromper a gravidez, pois nunca havia se sentido verdadeiramente feliz com a gestação, não havia carinho, nada disso.Chegaram em frente ao prédio, e a vizinha de Pérola estava ligando, dizendo que a esperava para ir ao hospital com sua mãe, pois a pressão dela estava muito alta, oscilando demais. Pérola perguntou se Marcelo poderia levá-las, e ele, super prestativo e gentil, subiu com ela. Foram correndo para o hospital, chegaram lá, Pérola agradeceu a Marcelo, e ele foi embora. Ela deu entrada na mãe e ficou sentada na sala de espera chorando, sem con
Pérola continuou chorando desesperadamente, precisando falar com Klaus de qualquer maneira. Salete ligou e perguntou o que estava acontecendo. Pérola disse que só precisava conversar com Klaus, e Salete respondeu que estava no trabalho e iria para casa assim que possível. Pérola teve então a ideia de disparar o alarme do carro de Klaus. Ele apertou o botão do alarme duas vezes de dentro de casa. Como ela não parou, ele deixou o carro aberto, sem o alarme ativado. Pérola abriu a porta, apertou o botão do portão eletrônico e entrou. Klaus estava na sala e imediatamente mandou-a embora, dizendo que ela se arrependeria. Ele estava sentado no sofá, e Pérola se ajoelhou a seus pés.— Só me escuta, a gente precisa conversar, por favor — implorou ela.Ele pegou suas duas mãos juntas, afastando-as dele, apertou-as com força e disse:— Não encosta em mim, sua v.a.g.a.b.u.n.d.a. Está chorando porque fez merda, né? Você sabe que eu sei o que aconteceu, e nem precisava ser médico para saber.Ele s
— Preciso dormir cedo — disse Klaus, dando-lhe um selinho antes que ela saísse do carro.Pérola entrou em casa e enviou uma mensagem explicando que não havia contado sobre Denis por medo da reação dele e que, em parte, havia sido uma vingança. Ele respondeu para deixarem tudo para trás e não tocarem mais no assunto.O dia da viagem chegou, e Pérola estava eufórica. Foram de avião e ficariam quatro dias fora. Ao chegarem no hotel, o quarto tinha uma banheira. Klaus começou a prepará-la, convidando Pérola para um banho juntos. Pediram petiscos e bastante suco, que ela estava consumindo em grande quantidade. Ele entrou na banheira nu, enquanto Pérola o evitava havia semanas. Ela sabia que a viagem era uma tentativa dele de agradá-la até conseguirem ter relações novamente, e ela até queria isso. Pérola entrou na banheira, e ele a puxou para perto. Começaram a se beijar, mas ela se esquivou, e nada aconteceu. Trocaram de roupa para sair, já estava quase noite. Pérola vestiu um vestido curt
Pérola sentiu a tensão percorrer seu corpo. O que Salete poderia querer? Klaus havia dito que era apenas uma tentativa de trégua. Chegaram à churrascaria, mas Salete ainda não havia chegado. Pérola, faminta, começou a comer sem esperar. Logo, avistou a sogra na recepção e percebeu que ela estava produzida: um tubinho preto na altura dos joelhos, salto alto, batom vermelho e cabelos com aspecto de recém-saídos do salão. Salete chegou à mesa sorrindo, deu um beijo no rosto de Pérola e disse:— Olá, querida. Quanto tempo! Como você está? E o bebê?— Boa noite, doutora — respondeu Pérola — Estou comendo muito e vomitando mais ainda. E você? Como vai?Salete não gostou do tom, franzindo a testa.— Que modos à mesa, Pérola.Klaus interveio:— Você não viria acompanhada, mãe?Ela respondeu com seriedade:— Klaus, estou tentando por você. Não torne tudo mais difícil. Um dia você será pai e você, menina, será mãe. Vocês verão o que é amar mais alguém do que a si próprio, farão o possível e o i
Klaus parecia um pouco sem jeito, talvez ainda sentisse o peso da recente discussão. Ele depositou as sacolas sobre a mesa e iniciou a conversa.— Você já jantou? Está com fome?Pérola negou com a cabeça. Ele se aproximou, suas mãos encontraram a cintura dela, acariciando suavemente sua barriga.— Ainda está brava comigo, mamãe? — perguntou ele.Ela balançou a cabeça em sinal de não, um sorriso brando em seus lábios. Klaus se afastou para retirar os itens da sacola. Havia uma porção de patinho picadinho, saladas de folhas frescas, três sorvetes com crocante cobertura de chocolate, um suco de laranja com beterraba, outro de acerola com laranja, um suco industrializado, além de porções de batata frita e mandioca cozida. Tudo acondicionado em potes plásticos transparentes, típicos de restaurante. Ele a incentivou a comer um pouco, aproveitando que a comida ainda estava quente e com uma aparência apetitosa. Pérola, faminta, pegou um prato e começou a se servir. Klaus avisou que precisava
— Às vezes acho que você não gosta de mim, Pérola — Klaus respondeu, a voz carregada de mágoa. — Está comigo por obrigação, medo, sei lá. Tentou terminar mais de uma vez, jogou tudo para o alto mesmo eu implorando para você ficar comigo, fazendo seus gostos. Só aceitou falar comigo depois de descobrir a gravidez e, desde então, vem me tratando mal direto.Pérola respondeu, chateada:— Não é isso, não fala assim comigo, eu já pedi desculpas. Não foi?Ela o beijou e subiu em cima dele, se esfregando em busca de um contato maior, querendo dar a atenção e o carinho que ele estava cobrando e que ela também ansiava. Ele a beijou sem muita vontade. Pérola, beijando seu pescoço, sussurrou:— Eu sou sua e apaixonada por você desde o começo, nunca duvide disso.Ele a beijou intensamente, pegou em sua cintura, fazendo-o se sentir excitado, apertou seus seios sutilmente, mexeu em seu cabelo, parou o beijo, tirou-a de cima dele e disse:— Não estou a fim. Vamos dormir!Pérola ficou furiosa, sentou
— Não vou dormir na sua casa hoje, vou trabalhar amanhã, aliás, o fim de semana todo. Sua mãe não me suporta, fica me maltratando, eu não vou — Pérola respondeu, séria e grosseira.Klaus, com uma expressão igualmente séria, retrucou:— Você que sabe, Pérola. Vai lá, se divirta.Ele entrou no carro sem sequer se despedir. Pérola foi ao encontro das amigas, percebendo que Klaus havia ficado muito bravo, mas ela não se importou muito, já estava de saco cheio de tudo. Postou fotos para provocá-lo e ficou umas duas horas na lanchonete, conseguindo esquecer um pouco o que a estava incomodando. Durante todo o tempo que passou lá, Klaus não mandou mensagem nem ligou. Pérola começou a pensar em falar algo com ele, talvez ligar pedindo carona, e acabou mandando uma mensagem. Ele não respondeu, não estava online e a mensagem nem sequer foi entregue. Ela logo começou a imaginar que ele havia saído sem avisá-la. Pegou um carro de aplicativo e foi direto para a casa dele de surpresa, furiosa e pron