A janela aberta deixa entrar o cheiro do mar e a brisa suave. Dante está sentado na beira da cama, descalço, observando Unirian tirar a maquiagem no espelho. É uma cena simples, mas cheia de intimidade. Ele a observa em silêncio, como se gravasse cada detalhe. — Por que está me olhando assim?— Porque mesmo depois de tudo… você ainda é a visão mais bonita que eu já tive.Ela para, respira fundo. Se vira devagar. Por um segundo, a vulnerabilidade entre eles é palpável.— E mesmo depois de tudo… você ainda é o homem que eu mais amo.Eles se aproximam. Não há pressa. Não há palavras. Só mãos que se tocam, respiração que se encontra. O beijo vem como uma promessa silenciosa — sem exigências, sem cobranças. Só amor.Unirian está na varanda, com uma xícara de chá. Dante chega por trás e a envolve em um abraço. Ela se permite fechar os olhos.Unirian segura a mão de Villano enquanto ele brinca com um aviãozinho de madeira. Dante, ainda com a camisa entreaberta, conver
O sol cai no horizonte e pinta o céu de laranja. Villano corre ao longe com Petrov, enquanto Ricci prepara algo na cozinha. Dante está sério, mas há um brilho calmo no olhar. Ele pega na mão de Unirian.— Quero te propor algo...Uma fuga. Não de medo. Mas para viver. Quatro anos. Eu, você... e nosso pequeno V.Unirian o observa, surpresa. Ele continua:— Posso resolver o que falta resolver com o Clã. Mas fazendo do mundo o nosso lar. Um país de cada vez. Só nós. Sem Elena, sem trono, sem tiros. Só amor. Só a gente.— E quando acabar essa viagem?— Aí voltamos para casa. Mas não a que deixamos. Uma nova. Que vamos construir juntos.Ela o encara, o coração dividido entre a segurança e o sonho. Mas nos olhos dele, ela vê verdade. Ela vê o pai do seu filho. Ela vê o homem que sobreviveu a tudo por amor.Unirian sorriu, com lágrimas— Então vamos viver. – 4 ANOS PELO MUNDOJapão– Villano aprende sobre disciplina e espada com um velho mestre. Itália– Dante resolve questões do clã com
E então... Villano se formou. Não como soldado. Mas como arma. Aos 17 anos, recebeu medalhas, mas recusou todas. Não queria glória. Queria propósito. Foi nesse dia que ele voltou à casa Marchesi, vestido de preto, com a faca no cinto e a postura de homem. Dante o esperava na varanda, com um copo de uísque e olhos firmes. – “Você demorou.” – “Demorei o tempo que precisava.” – “E agora?” – “Agora… me mostre quem é meu inimigo.” A sala estava em silêncio. Dante observava o filho de pé, já um homem. Ombros largos, expressão fria, olhar calculista. Villano era a imagem que Dante sempre quis, e ao mesmo tempo... um lembrete do que poderia ter sido diferente. Ele se levantou do sofá de couro escuro, pegou uma caixa de madeira trancada por um fecho dourado e entregou ao filho. – Está pronto pra sua primeira missão como Marchesi? Villano apenas assentiu. Dante abriu a caixa. Dentro, não havia fotos, nem arquivos. Apenas um nome, gravado à mão em um papel amarelado. Nick.
Na manhã seguinte, a cena do crime estampava os noticiários locais. O "V" ensanguentado na parede tornou-se símbolo de uma justiça implacável ou simplesmente a Marca da Besta. Repórteres especulavam sobre o autor do assassinato, enquanto a polícia local iniciava uma investigação sem pistas concretas. Dante, ao assistir as notícias, apenas sorriu. Sabia que seu filho havia cumprido a missão. Unirian, ao ver o "V" na tela, sentiu uma mistura de dor e alívio. Seu filho havia vingado sua mãe, mas a que custo? O sol já se punha por trás da mansão Marchesi, pintando o céu com tons de ouro e rubi. Unirian e Dante estavam no jardim, sentados à sombra de uma cerejeira em flor. Villano estava fora há dias, mas o silêncio da tarde parecia carregado de uma energia prestes a se revelar. — Ele cresceu, Dante... — disse Unirian com um suspiro sereno, observando as folhas balançarem levemente. — E está seguindo exatamente seus passos. Às vezes, me pergunto se isso é o que realmente quero pra ele.
Sem mais avisos, sem carta, sem despedida… ele partiu. Na mansão Marchesi, Ricci entrou no escritório de Dante com passos contidos, acompanhado de Petrov. — Ele foi — disse Ricci. — China. Sozinho. Dante levantou os olhos devagar. Ficou em silêncio por longos segundos, o olhar perdido no fogo da lareira à sua frente. Então, um leve sorriso surgiu. — Ele aprendeu comigo… que nem todo guerreiro anuncia sua partida. — Quer que vamos atrás dele? — perguntou Petrov, já pronto. — Não. — Dante respondeu firme. — Deixem-no ir. Ele está se tornando algo maior do que eu fui. E isso… me enche de orgulho. Na província de Henan, entre monges silenciosos e mestres lendários, Villano começava uma nova vida. Dias em jejum. Horas de dor. Noites de meditação profunda. Ele treinava com fogo nos músculos e propósito no peito. Porque no fundo… ele sabia. O mundo ainda não viu o verdadeiro herdeiro Marchesi. Nas montanhas ocultas de Henan, o silêncio cortava mais que qualquer espada. A cada manh
Durante anos, o nome Villano Marchesi havia sumido do mundo. Não havia registros. Nem digitais, nem visuais. Nenhuma pista, nenhum rastro. Para o mundo — inclusive para os inimigos do clã Marchesi — ele era apenas um mito, uma lembrança abafada. Um filho perdido. Mas para os aliados, para a família que ainda guardava seu lugar à mesa, ele era esperança. Um fio invisível de aço que unia gerações. E numa tarde de céu tempestuoso, esse fio voltou a vibrar. A mansão Marchesi em Moscou, agora mais segura do que nunca, vivia sob rotina controlada. Unirian, mais serena, mantinha o jardim florido, como se sempre esperasse algo. Dante, com olhos que já viram guerras e amores, mantinha o olhar voltado ao horizonte em silêncio. E então… ele chegou. Ninguém ouviu passos. Nenhuma câmera registrou. Foi Villano quem apareceu no fim do corredor, vestindo preto, com cabelos mais longos e barba por fazer, uma cicatriz fina sob o olho esquerdo. Seus olhos… carregavam o peso de dez mil
O elevador não era uma opção. Villano desceu os andares pelas escadas de serviço, silencioso como uma sombra. Seu coração, treinado para não sentir, batia diferente. Do lado de fora, ela voltava para o apartamento com as sacolas em mãos, cantarolando uma melodia que criava enquanto andava. Chamou por Letícia ao abrir a porta, mas o silêncio respondeu. Entrou devagar, sentindo o ar diferente — como se a casa estivesse... presa na respiração. Foi quando Villano entrou. Sem palavras, sem barulho. Apenas olhos nos olhos. Ele a viu pela mira. Agora a via a metros de distância. Cada detalhe do rosto, do cabelo bagunçado pelo vento, da respiração que ficou presa no peito. Ela recuou, assustada. — Quem é você? Onde está a Letícia?” Mas algo no olhar dele a impediu de gritar. Foi então que Villano ouviu. Sutil, quase imperceptível. O tic-tac de uma bomba armada. Instinto puro. — “Vem comigo—ele disse com firmeza. — “O quê?” Mas não houve tempo.
O sol já havia se inclinado, tingindo as paredes com tons alaranjados. Apenas o som do vento zunindo pelas frestas do apartamento abandonado. Villano estava sentado no chão, mexendo em peças de uma arma desmontada sobre o tapete puído. Ura, ainda amarrada à cadeira, balançava as pernas inquieta. Olhava para ele com um olhar firme, mesmo com a boca ainda amordaçada. Ela soltava uns sons abafados que Villano, após um tempo, decidiu ignorar. — “Mmmm… mmmmm!” Ele ergueu os olhos, respirou fundo. — “Você vai continuar com isso por quanto tempo?” Mais sons abafados. Ele se levantou com um suspiro cansado, foi até a mochila novamente e tirou um pedaço de pão, daqueles compactos de ração militar, e uma garrafinha de água. Se aproximou, tirou a mordaça devagar. Ura ofegou, finalmente podendo respirar fundo. — “Sério? Um pão seco e água? Eu quase morri hoje e você me dá isso?” Villano arqueou uma sobrancelha, entregando sem pressa. — “Não tá num hotel. Tá viva.” E