Ura, sentada num canto da cabana, observava-o. Ele parecia uma pintura: o corpo alto, firme, sempre atento, mas com algo em sua expressão que escapava do estereótipo perigoso. Talvez fosse o cansaço nos ombros ou a forma como mantinha os olhos quase sempre semicerrados, como quem pensa demais.
— Você não é um policial tão ruim quanto parece — ela arriscou, tentando quebrar o silêncio.
Villano não respondeu. Nem se virou.
Ela suspirou e reclinou a cabeça na parede.
— Tem alguma coisa aí pra me entreter? — perguntou, com um toque de leveza forçada.
Ele finalmente a olhou. Após alguns segundos de silêncio, foi até sua mochila e tirou um pequeno bloco de papel e alguns lápis gastos.
— Tenta não comer isso. — estendeu o material a ela com uma expressão impassível.
Ura riu sozinha e pegou o que ele lhe dava. Ele não sabia... mas acabava de lhe entregar sua maior arma.
E assim ela começou. Desenhava com traços leves, cuidadosos, olhando para ele apenas de relance para não cha