Exatamente às 19h40 saio do trabalho e sigo o mais rápido que posso em direção ao meu apartamento. Confesso: estou nervosa. Daqui a menos de duas horas, Christopher virá me buscar. Sim, aquele Christopher. Aquele da toalha. Da cama. Do beijo.
Aproveito o tempo que tenho e tomo um banho daqueles de comercial de sabonete — direito a água quente e reflexão existencial. Lavo o cabelo, passo creme, um pouco de óleo… deixo secar naturalmente. Preciso de volume, e de uma desculpa pra não fazer escova. —Preciso de roupas novas. — murmuro, encarando meu armário com uma expressão de “socorro, me salve, cetim”. Acabo escolhendo um vestido preto de cetim, pouco abaixo dos joelhos, com uma fenda lateral que deixaria qualquer padre suar. Costas nuas, sem alças — provocativo na medida exata entre “te desafio” e “me respeita”. Fico indecisa sobre a maquiagem, mas opto pelo clássico: visual natural. O cabelo solto e rebelde faz o trabalho sujo por mim. Eu gosto do que vejo no espelho. Mas me sinto estranha. Sempre tô de uniforme ou camisola — hoje, pareço outra mulher. O relógio marca 21h25. Falta pouco. Ainda tô nervosa. Resolvo tomar uma dose. Depois outra. Depois a terceira, já com Radioactive do Imagine Dragons tocando. A campainha toca justo no refrão. Viro o resto da bebida e respiro fundo antes de abrir a porta. —Senhorita Carol. — ele sorri, daquele jeito que é ilegal em 17 países. Meu corpo inteiro arrepia. —Christopher. — aceno, tentando parecer sóbria. Dou passagem para que entre. —Então, pronta? — pergunta, já caminhando em direção à sala. —Quase. Espera só um pouco. Quer algo pra beber? —Cerveja, se tiver. Pego uma Heineken e entrego a ele. Christopher se senta no sofá como se já fosse de casa. Eu vou ao banheiro pegar os sapatos. Quando volto, ele está sentado na beira da minha cama. Coloco meus pés entre suas pernas e entrego os sapatos. Ele arqueia a sobrancelha, intrigado. —O quê? — pergunto, sorrindo. —Se quiser que eu coloque esse sapato em você, vou ter que me abaixar. E provavelmente vou ver sua calcinha. — ele passa a mão até meu joelho. —Aliás, você tá gostosa pra caralho nesse vestido. —E quem disse que eu tô de calcinha? A mão dele congela. Ele prende os dedos na tornozeleira. —Não me provoca. Principalmente vestida assim. — faz menção de se levantar, o olhar predatório. —Mudança de planos? Vai querer que a nossa noite termine na minha cama? —Calma aí, nem te conheço direito e já quer me levar pra cama? —Em que século você vive? —Naquele em que eu não deito com qualquer um. — respondo com ironia. —Qualquer um? — ele repete, ofendido. —Exatamente. Ele se levanta com um suspiro teatral. —Tudo bem. Vamos logo, então. Termino de colocar os sapatos enquanto ele termina a cerveja na sala. Saímos. O corredor está vazio. O elevador também. Entramos. Péssima ideia. O espelho na nossa frente reflete tudo que eu não quero pensar — tipo a imagem mental dele quase me fodendo como da última vez. Mordo o lábio. Gemo baixinho. Ele percebe. —Porra... — murmura, antes de colar a boca na minha. Sua mão desce pelas minhas coxas e, antes que eu entenda, ele já está me tocando. Molhada. Molhada demais. —Tão molhada... — diz com a voz arrastada, os dedos deslizando pra dentro. —Christopher... — tento dizer, mas ele puxa meu cabelo, me obrigando a olhar nos olhos dele, enquanto enfia o segundo dedo. —Ah... Minha mão alcança o zíper da calça dele, sentindo o volume pulsante do seu pau. Abro, massageio como posso. Os movimentos dos dedos dele ficam mais intensos, e eu sei que estou perto. Muito perto. Mas, quando estou quase lá... ele tira os dedos. O quê?! — o encaro, frustrada. O elevador chega ao térreo. Claro que chega. Três pessoas nos olham como se soubessem exatamente o que rolou ali dentro. Sorrio sem graça, murmuro um “boa noite” e passo direto. Christopher vem logo atrás, com o mesmo sorriso sacana de sempre. —Você não dá pra qualquer um, mas deixa qualquer um te fazer gozar? — ele provoca. —Você tem um gosto muito bom, senhorita Collins. — e, claro, chupa os dedos diante de todo mundo. Minha cara queima. A vergonha é real, mas também... o tesão continua lá. —Um orgasmo tirado. Você me deve três. — digo firme. Não vou deixar ele achar que ganhou. —Três? Collins... três não serão o suficiente pra apagar o seu fogo. Nem pra dar conta do meu tesão por você. Entramos no carro. Não respondo. Só mordo o lábio, tentando não me tocar ali mesmo no banco do passageiro. Afinal, a noite nem começou. E esse demônio ainda vai me destruir.