A garrafa de água gelada suava em cima da bancada, e eu também. Era como se meu corpo não soubesse mais diferenciar calor de ansiedade. Encostei a testa no vidro da janela da sala, sentindo a cidade pulsar lá embaixo enquanto o eco do restaurante ainda martelava na minha cabeça. Jake. Ele era gentil demais. Cuidadoso demais. E meu estômago estava apertado demais.
Soltei o cabelo, tirando o elástico com raiva. Sempre achei que ele apertava mais do que devia — igual a realidade. Igual à forma como Christopher me olhou. Como se tivesse visto um incêndio se aproximando e não soubesse se salvava a casa… ou só assistia.
O celular vibrou pela terceira vez.
“Christopher.”
Mais uma chamada perdida. Mais uma mensagem não lida.
Sentei no sofá com o corpo desabando como se tivesse carregado um mundo nas costas — e, de certo modo, carreguei. Ele estava me procurando. Estava aflito. Eu sabia. Ele podia esconder da equipe, da mãe, do mundo, mas não de mim. Eu reconhecia cada detalhe naquele olhar. O