61. TENTATIVA DE ENCONTRO
Na manhã seguinte, o sol ainda tímido entrava pelas frestas da cortina do quarto das crianças. O relógio marcava pouco mais das sete horas, e Isabela, de avental simples e cabelo preso de forma despretensiosa, movimentava-se pelo cômodo como quem carregava o mundo nos ombros e, ao mesmo tempo, tentava manter a leveza do dia. Arrumava os uniformes com carinho, dobrava cada peça, verificava as mochilas e separava os tênis alinhados em fila no canto da parede.
Mas sua mente... sua mente não estava ali. Não estava nos cadarços, nem nos cadernos, tampouco na pressa da rotina. Seu pensamento estava preso ao dia anterior.
Lembrava-se do sorriso de Henrique, daquele sorriso aberto, sincero, que parecia iluminar o ambiente. Lembrava-se também do gesto despretensioso — quase imperceptível — quando ele ajeitou uma mecha de cabelo que teimosamente caíra sobre o rosto dela, prendendo-a delicadamente atrás da orelha. O toque havia sido tão natural que parecia um hábito antigo, embora fosse a primei