60. A CULPA QUE CORROIA LEONARDO
Naquele mesmo domingo, enquanto Isabela e seus filhos desfrutavam de um almoço leve e cheio de risos na casa de Dona Lena, a mansão dos Villar parecia um mundo à parte: fria, silenciosa, imponente.
Leonardo havia mandado preparar a mesa com formalidade — pratos de porcelana impecáveis, talheres alinhados, vinho importado servido em taças de cristal. Tudo impecável, mas sem vida. O ambiente, por mais luxuoso que fosse, tinha um vazio que se refletia no ar e nas pessoas que ali estavam.
Caio observava os detalhes enquanto mexia distraidamente no garfo. Não era comum o irmão chamá-lo para almoçar assim, num domingo qualquer. Aquilo só podia ter uma segunda intenção.
Leonardo, sentado na ponta da mesa, com a postura ereta e o olhar firme, parecia saborear cada silêncio que impunha. Diferente do clima caloroso da infância, os encontros entre eles se transformaram em batalhas silenciosas.
Quando finalmente falou, sua voz quebrou o ar com firmeza calculada:
— Então, Caio... — disse, erguendo