48. SOMBRAS QUE SE ALASTRAM
O pequeno quarto da pousada parecia encolher a cada ruído. As paredes, gastas pelo tempo, absorviam o silêncio como se o ampliassem; o único som constante era o tique-taque surdo de um relógio na cômoda. Isabela estava sentada na beira da cama, o corpo dobrado para frente, as mãos repousando sobre os joelhos. Seus olhos, fixos na janela estreita que dava para a rua, não viam nada — estavam presos a algo longe, a um passado que doía.
O celular vibrou sobre a mesinha com uma insistência quase cruel. O nome “Caroline” iluminou a tela; as mãos de Isabela tremeram ao pegá-lo. Havia um medo antigo escondido naquele movimento, uma expectativa que trazia tanto esperança quanto pavor.
— Alô? — falou ela, a voz baixa, carregada de timidez e receio.
Do outro lado da linha, Caroline não conseguiu dissimular a pressa de quem trazia notícias que mudam o ar de uma pessoa. Sua respiração vinha curta, os olhos ainda turvos da corrida até o telefone.
— Isa — começou, e a urgência cortou a frase — você