SAVANA
SAVANA
O som da narração ecoava pelo alto-falante, misturado ao cheiro de serragem úmida e couro novo. O campo de provas estava impecável, cercas brancas, bandeiras tremulando, e obstáculos coloridos brilhando sob o sol do meio-dia e o vento frio carregava o murmúrio da plateia, aplausos, conversas, risadas nervosas. Eu nunca pensei que voltaria a ouvir esse som de dentro, e não da arquibancada.
Depois de tantos anos, o simples ato de vestir a jaqueta azul com meu nome bordado nas costas já era uma vitória. O tecido parecia pesar mais do que o normal — não pelo material, mas pelo que representava.
Cada linha costurada ali contava uma história que eu quase tinha deixado morrer.
Minha primeira competição de hipismo desde que decidi voltar.
Amber estava nas arquibancadas, sentada entre dona Íria e o pai de Caleb, usando o mesmo chapéu pequeno que um dia foi meu. Ela balançava as pernas com impaciência e me acenava cada vez que eu olhava pra cima, o sorriso largo e confiante como s