CALEB
O dia estava seco e o vento levantava poeira fina pelos caminhos da Estância. Eu tinha começado cedo, como sempre. Antes do sol estar alto no céu, eu já estava no curral, conferindo a retirada do leite das vacas, ajeitando um mourão que não resistira ao temporal da semana passada. Trabalho manual sempre foi meu jeito de silenciar os pensamentos. O problema é que, ultimamente, nenhum peso, nenhuma marreta, nenhuma corda esticada dava conta de calar a confusão que andava dentro de mim.
Desde que Savana voltou, nada estava no mesmo lugar. Nem a fazenda, nem os peões, nem eu. O simples fato dela andar pelos corredores da sede com aquele maldito caderno já mudava o ritmo de tudo. Pior que isso: mudava a forma como todos a olhavam. Como se, de repente, houvesse uma nova dona, e eu não passasse de um capataz de luxo.
Estava ajeitando a tranca da portão da pastagem sul quando Hudson veio se aproximando, chapéu na mão e cara de quem tinha notícia fresca.
— Bom dia, chefe. O senhor ficou