SAVANA
Já estava virando rotina aquele cachorro entrar na minha casa, de língua de fora, espalhando alegria sem pedir licença. Eu tentei fingir irritação, mas a cena tinha algo de tão familiar que senti um aperto no peito. Por um instante, parecia que estávamos em casa há muito tempo, como se a mudança repentina de vida não tivesse me deixado noites em claro. Amber pediu para ficar vendo desenho na televisão por mais alguns minutos, mas eu sabia que hoje teríamos uma tarefa importante: conseguir uma vaga para ela na escola da cidade. Era um passo que eu vinha adiando, talvez porque significasse admitir de vez que estávamos enraizadas ali.
Enquanto ela tomava café, expliquei que precisaríamos sair. Amber fez uma careta, dizendo que preferia passar o dia brincando com Apollo, mas aceitei a resistência dela com paciência. Eu sabia que, no fundo, ela também sentia um pouco de medo. Mudar de escola é sempre difícil, ainda mais em uma cidade pequena onde todos se conhecem e olham curiosos p