Aria Sanchez sempre foi uma assistente pessoal dedicada, escondendo seus sentimentos pelo chefe, Alexandro Barroso, um CEO arrogante e intransigente. Mas tudo muda quando um acidente de carro os deixa feridos e Alexandro, sem memória. Sozinha no hospital, Aria, desesperada para ajudá-lo, se passa por sua noiva para obter informações sobre seu estado de saúde e garantir que ele não fique sozinho. No entanto, a mentira se torna um fardo insustentável, e a descoberta de sua gravidez só complica ainda mais a situação. Alexandro pode não se lembrar do passado, mas duas certezas o assombram: ele sempre foi um solteiro convicto e sente uma atração irresistível por Aria. Para piorar, a proximidade dela com Adriano Pérez, seu sócio e amigo de confiança, desperta um ciúme incontrolável, e quando ele por acidente descobre que Aria está grávida, o que o leva a suspeitar que o filho que Aria espera pode ser de Adriano. Enquanto Adriano investiga a sabotagem que causou o acidente e o desfalque milionário na empresa, Alexandro se vê cada vez mais perdido entre a falta de memória, os sentimentos intensos por Aria e a raiva causada pela dúvida sobre a paternidade. Aria precisa tomar uma decisão: revelar a verdade e contar a Alexandro que está grávida e arriscar tudo por esse amor ou partir em segredo? Em meio a segredos, desejo, ciúmes e desconfiança, Alexandro e Aria caminham por um fio. Mas como decidir o futuro quando o passado é um mistério e o presente, uma tempestade de emoções? Aria suportará toda essa pressão? O que terá o destino reservado para eles? Como poderá Alexandro decidir seu futuro se não recorda seu passado? Qual será o preço de seu esquecimento?
Ler maisO Amanhecer
Alexandro
O sol mal surgiu no horizonte quando despertei, sentindo a brisa matinal esgueirar-se pela fresta da janela. O som distante dos pássaros se misturava ao leve farfalhar das cortinas, e eu permaneci deitado por alguns instantes, deixando aquele momento de transição entre o sono e a vigília me envolver.
Respirei fundo. O cheiro familiar de café fresco e pão torrado alcançava meu quarto, guiando meus passos até a cozinha. Desci as escadas lentamente, sentindo o piso frio sob meus pés descalços. Ao chegar, encontrei Dona Catarina, a governanta que cuidava de mim desde pequeno, servindo o café da manhã com o mesmo zelo de sempre.
— Bom dia, meu menino — disse ela, sorrindo com carinho enquanto colocava uma xícara de café diante de mim. — Dormiu bem?
— Melhor agora com esse cheiro delicioso de café — respondi, levando a xícara aos lábios. — A senhora sempre sabe como melhorar meu dia.
Ela riu baixinho, sentando-se à minha frente.
— É meu dever cuidar de você. E também um prazer — disse, empurrando um prato de pães para mais perto de mim. — Precisa se alimentar direito, Alexandro. Hoje você tem um dia importante, não tem?
Assenti, pegando um pedaço de pão. A reunião de negócios que teria mais tarde rondava meus pensamentos. Era uma proposta decisiva para a empresa e, embora confiante, eu sentia certo receio sobre como tudo se desenrolaria.
— Estou um pouco apreensivo — confessei, mexendo no pão sem realmente comê-lo. — É uma grande oportunidade, mas sei que preciso estar preparado.
Ela pousou uma mão suave sobre a minha, transmitindo um calor familiar.
— Você sempre foi determinado, meu menino. Sei que fará o melhor possível. Agora, vá se arrumar e mostre a eles do que é capaz.
Terminei meu café antes de subir para me preparar. No quarto, fui direto para o banheiro. A água morna ajudou a despertar meus sentidos e aliviar a tensão. Ao sair, vesti um roupão e fiquei diante do espelho, estudando meu próprio reflexo. A expressão séria no rosto refletia minha preocupação.
Meus olhos, no entanto, enxergaram além. Enxergaram um passado que ainda doía.
Minha infância foi repleta de luxo, mas vazia de afeto. Meu pai era um homem frio e exigente, minha mãe, distante e ocupada demais para notar minha existência.
Cresci cercado de tudo que o dinheiro podia comprar, menos amor. Meu quarto era impecável, meus brinquedos caros, mas ninguém se importava se eu estava feliz ou sozinho.
Se não fosse Catarina, eu teria sido apenas mais uma sombra na imensidão daquela casa.
Enquanto meus pais me ignoravam, ela me acolhia. Ela e a família do meu amigo Adriano.
Era Catarina quem enxugava minhas lágrimas quando eu caía, quem me embalava nas noites de tempestade, quem sorria para mim com ternura.
E era a família de Adriano o meu norte de família.
Lembro-me de uma noite em especial, quando, aos seis anos, acordei de um pesadelo chorando, bati a porta do quarto de meus pais e ele mandou que eu voltasse para meu quarto.
Corri pelos corredores escuros até encontrar Catarina, que me recebeu em seus braços sem hesitar.
— Shhh, estou aqui, meu menino — murmurou, acariciando meus cabelos. — Você nunca está sozinho. E me acalentou a noite inteira em sua pequena cama, que para mim era a cama de um rei.
Desde então, ela foi minha verdadeira família. E, mesmo agora, depois de tantos anos, sua presença ainda me trazia conforto.
Vestindo um terno escuro, ajeitei a gravata e borrifei um pouco de perfume. Cada detalhe da minha aparência deveria transmitir profissionalismo e confiança. Peguei os documentos da reunião, conferindo cada detalhe antes de descer.
Na cozinha, Catarina me observou com um olhar atento.
— Você está elegante — disse, ajustando a gola do meu paletó, como fazia quando eu era criança.
Sorri, sentindo um nó na garganta.
— Sei que posso contar com a senhora.
— Sempre, meu menino — respondeu ela, tocando meu rosto com carinho. — Agora vá e volte com boas notícias.
Peguei minha pasta e caminhei até a porta. Antes de sair, olhei para trás e vi Catarina me observando, seu olhar carregado de orgulho e preocupação.
— Cuide-se, menino — ela disse.
— Pode deixar.
Saí de casa com o coração mais leve. Qualquer que fosse o resultado da reunião, sempre teria um lar para onde voltar. E
isso, mais do que qualquer fortuna, era meu verdadeiro tesouro.
CICATRIZES NÃO VÊM COM RÉGUASObservo da janela da cozinha. Alexandro está no quintal com Julian, os dois agachados ao lado do canteiro de lavandas, procurando "joaninhas guerreiras", segundo meu filho.Julian ri alto, e eu vejo seu corpo inteiro tremer de alegria. Como há muito não via. Como eu, sinceramente, achava que não veria tão cedo.Meu coração se divide entre a esperança e o medo. Como uma ferida que começa a cicatrizar, mas ainda arde ao menor toque.Coloco a xícara de café sobre a pia e esfrego as mãos nos quadris, tentando me convencer de que não estou tremendo.Ele está aqui. Cumpriu cada palavra dita nos últimos dias. Chegou cedo, preparou panquecas, levou Julian à escola, buscou, ajudou com a lição… Como se nunca estivesse ausente.Como se eu tivesse sido apenas uma página virada, e agora bastasse virar de novo.— Aria? Ouço sua voz atrás de mim.Viro devagar. Ele está na porta, com Julian de mãos dadas e um sorriso cansado, mas satisfeito. Sujo de terra. Meu filho
ENTRE BALÕES E VERDADESAlexandro Hoje o céu está limpo e azul como se tivesse sido pintado a mão. O jardim cheira a manjericão e terra molhada. Julian está sentado na sombra de uma amoreira, com um balão amarrado ao pulso e dois carrinhos de brinquedo aos pés. Observo à distância por alguns segundos antes de me aproximar.— Posso brincar com você? Pergunto, tentando conter o nervosismo que cresce no peito.Ele levanta os olhos devagar. Há desconfiança ali. Mas também curiosidade.— Pode. Diz, com a voz fina e suave, puxando um dos carrinhos e empurrando em minha direção. — Esse é o mais rápido.Sento ao lado dele, no chão, aceitando o carrinho como se fosse um presente sagrado.— Obrigado. Acho que vou precisar treinar para acompanhar esse aqui.Julian sorri, tímido. O sorriso dele tem algo da Aria e algo que é só dele. É como ver uma estrela surgir em meio à noite.Empurramos os carrinhos por um tempo. Ele faz sons de motor com a boca, me corrige quando derrapo errado em uma cu
O PESO DO SILÊNCIO E A FORÇA DO TOQUEALEXANDROÀ noite, o silêncio da casa é mais denso. Julian dorme tranquilo, embalado pelas histórias que Aria leu com tanto carinho. Eu, por outro lado, caminho sem rumo pelos cômodos, tentando organizar o caos dentro de mim. Cada canto parece carregar um traço da ausência que impus, cada fotografia na estante é um lembrete do tempo que deixei escorrer pelos dedos.Paro diante de uma imagem dela com Julian ainda bebê, os olhos cansados, mas sorrindo. Era o sorriso de quem sustentava o mundo sozinha. E eu, eu estava longe demais, preso ao meu orgulho, tentando controlar feridas antigas com decisões estúpidas.— Você está bem? A voz de Aria me surpreende, suave e firme ao mesmo tempo. Ela está de pé na escada, usando um moletom velho e o cabelo preso de forma displicente. E ainda assim, é a coisa mais linda que já vi.— Não sei. Confesso, sem fugir do olhar dela. — Acho que estou aprendendo a sentir de verdade, e isso dói.Ela desce devagar, os p
CICATRIZES E GESTOS SIMPLESARIAAcordo com o som suave da chuva batendo no telhado. Julian ainda dorme, espalhado na cama com seu bichinho de pelúcia preferido. Observo o pequeno movimento do peito dele subindo e descendo e sinto meu coração se aquecer. Ele tem sido minha força nos dias mais escuros, minha razão para continuar mesmo quando tudo parecia desabar.Desço as escadas com cuidado, tentando não fazer barulho. Quando chego à cozinha, me deparo com uma cena que nunca imaginei ver: Alexandro, de avental, preparando panquecas. Ele está concentrado, franzindo a testa como se estivesse executando uma operação delicada.— Isso é real ou eu ainda estou sonhando? Brinco, encostando na porta.Ele vira o rosto e sorri, aquele sorriso de canto que sempre fez meu estômago revirar.— Bom dia, dorminhoca. Fiz café e tentei panquecas.Me aproximo e olho a bagunça:Farinha no balcão, ovos quebrados demais na pia, e um cheiro levemente queimado no ar. Mas é a coisa mais bonita que já vi.— P
ARIAO sol já começa a se pôr quando finalmente terminamos de recolher as últimas decorações da pequena festa. Os convidados já se foram, Julian dorme abraçado a um dos brinquedos que ganhou e o som da natureza preenche o ar com uma tranquilidade reconfortante. Alexandro permanece ao meu lado, segurando algumas caixas vazias, mas parece mais interessado em me observar do que em qualquer outra coisa.— Você está bem? — ele pergunta com a voz baixa, quase um sussurro, como se tivesse medo de espantar minha calma.Eu me sento na beirada do deque e balanço levemente a cabeça, tentando processar tudo o que sinto.— Estou cansada… mas é um cansaço bom. Julian estava tão feliz.Ele se senta ao meu lado e por um instante permanecemos em silêncio. O tipo de silêncio que, meses atrás, teria sido incômodo, mas agora se tornou quase necessário como uma ponte entre tudo que fomos e tudo que talvez ainda possamos ser.— Aria. Ele diz, quebrando o silêncio com hesitação. — Eu sei que não tenho o di
Desabafo e Novo HorizonteAlexandroO dia clareia com o canto distante de um sabiá. Arrasto-me até o quarto sem acordar Aria, que ainda dorme profundamente, abraçada a um travesseiro. Meu corpo ainda carrega o peso da confissão de ontem, mas meu coração bate leve pela primeira vez, sinto a crueza do amor como força, não como armadilha.Visto-me e vou até a sacada privada. O ar fresco de Tiradentes invade meus pulmões enquanto observo o vale estendido abaixo. Lembro quantas noites passei olhando para o mesmo horizonte, sem encontrar respostas. Agora, o vale parece sorrir para mim.Desço para a cozinha onde Marcelo e Samuel já estão discutindo questões de cronograma; Miguel revisa números no tablet, e Sebastião prepara a apresentação de realidade aumentada para o spa. Adriano chega apressado, mas logo para, percebendo meu olhar distante.— Bom dia, chefe. Ele diz, entregando-me uma xícara de café.— Bom dia. Respondo, com um sorriso genuíno.Sento-me à mesa, saboreando o café com ca
Último capítulo