— Você acha que eu não sei?! Respondi mais alto. — Estou morrendo de medo. Não sei como vamos manter esse bebê sem ter que viver debaixo de uma ponte, mas mesmo assim, não é uma decisão fácil! Eu não queria isso. Se eu soubesse que os métodos eram ruins, teria permanecido virgem até atingir os meus objetivos!
— Desculpe, desculpe! Ele se ajoelhou na minha frente e me abraçou novamente. — Desculpe, desculpe, querida! Ele beijou as minhas mãos. — O que você quiser fazer, eu entendo, está tudo bem, e eu vou te apoiar.
— Você jura? Perguntei com a voz trêmula e os olhos marejados.
— O que você quiser, eu quero. Ele assentiu. — Eu vou consertar isso, eu vou cuidar de tudo, de você e do bebê.
— Eu preciso de você. Me agarrei ao seu abraço. — Preciso de você mais do que nunca, Benny, por favor, não me decepcione. Parecia pateticamente carente, mas era exatamente assim que eu me sentia.
— Não vou, meu amor, não vou. Eu nunca poderia ser como o meu pai. Vi a sua mão se fechar, reconhecendo o ressentimento e o ódio em sua voz. — Eu não podia deixar meu bebê à deriva, muito menos a mãe dele, não como ele fez conosco. Além disso... Ele beijou a minha mão. — Depois que você me resgatou, é a minha vez de te abraçar. Ele me deu um beijo nos lábios e me segurou em seus braços até eu parar de chorar.
Ele me forçou a comer alguma coisa, mas eu mal consegui engolir três garfadas.
Durante a noite e de madrugada, me virei na cama. Já era madrugada quando consegui fechar os olhos.
Quando acordei na manhã seguinte, estendi a mão, procurando por Benny, mas ele não estava lá. Verifiquei a hora no meu celular. Eram nove da manhã. Ele devia ter ido trabalhar e não queria me acordar.
Esfreguei os olhos, abri a mensagem da Allison dizendo que sentia minha falta. Enviei o emoji de beijo, bloqueei o aparelho e voltei a dormir.
Era meio-dia quando finalmente me arrastei para fora da cama. Procurei roupas na minha cômoda. Precisava ver o médico. Confusa, percebi que não era onde estavam as minhas roupas, mas as do Benny, mas... A cômoda estava vazia.
Abri a de baixo. Também não havia nada. Abri todas as gavetas. Só as minhas gavetas estavam cheias.
— Não faça isso comigo, Benny, não faça isso comigo, por favor. Implorei baixinho.
Fui até o cabideiro, abri a porta e não havia uma única camisa dele, nem uma única calça, e a mala com a qual o conheci havia sumido.
— Você prometeu, você jurou de joelhos! Gritei para o ar com profunda raiva, frustração e decepção.
Benny me abandonou, me deixou sozinha, com o seu bebê, nosso bebê, com as dívidas, com a dor.
O meu sonho não tinha começado, mas o pesadelo sim.
♪──── 🩰 ────♪
Depois de perceber que o telefone do Benny não estava disponível e que ele tinha bloqueado o meu número, não tive escolha a não ser choramingar como uma garotinha. Depois de terminar de lamber as minhas feridas, entrei no chuveiro e me preparei para sair. Deixei o cabelo úmido e solto para secar naturalmente, não apliquei uma gota de maquiagem e me encarei no espelho. Foi triste.
Normalmente, a essa hora, eu estaria na academia, ensaiando, e...
Neguei com a cabeça. Agora eu tinha algo mais importante para fazer.
Fui até a cafeteria onde o Benny trabalhava. Se ele achava que poderia simplesmente sair correndo daquele jeito, estava completamente enganado.
O lugar estava lotado quando cheguei. Havia filas intermináveis para tomar um café, e a agitação das pessoas nas mesas comendo lá me deu uma dor de cabeça horrível.
Esperei na fila em meio a empurrões e reclamações.
— A fila é lá atrás, sua vagabunda! Um cara gritou na minha cara.
— Estou grávida, idiota, tenho preferência de atendimento. Eu o desafiei, ele me xingou e continuei meu caminho.
— Onde está o bebê? Ele me olhou de cima a baixo. Na sua bunda? Ouvi algumas risadas, mas não prestei atenção.
Quando cheguei atrás do balcão, olhei para todos os caras trabalhando do outro lado, preparando cafés ou croissants, mas por mais que os meus olhos percorressem cada um dos funcionários, não consegui localizar Benny. Talvez ele estivesse dentro da cozinha.
— Ei! Falei com um dos caras, mas ele ligou o liquidificador e não me ouviu. — Com licença! Disse mais alto. No entanto, ninguém prestou atenção em mim. Era como se eu fosse invisível.
— Duas colheres de açúcar, uma de leite condensado e três de baunilha? O meu nariz se enrugou ao som da bomba de açúcar que eu não sabia quem estava prestes a consumir.
— Ei! Gritei ainda mais alto, as minhas bochechas corando enquanto o lugar ficava em silêncio e os olhares de todos os funcionários e clientes estavam em mim.
— Não precisa gritar. Disse a caixa, ofendida, enquanto estourava o seu chiclete.
— Desculpe, desculpe. Me desculpei. — Só estou procurando o meu namorado. Ele trabalha aqui. O nome dele é Benny.
— O Benny é seu namorado? Ela arqueou uma sobrancelha, me lançou um olhar apreciativo, e eu não entendi o sorriso zombeteiro em seu rosto.
— Sim, ele é meu namorado. Você pode chamar ele, por favor? Tenho uma emergência.
— A emergência será em nove meses, querida. Gritou o cara rude na fila, para quem mostrei o dedo do meio.
— São esses os valores que você vai ensinar ao seu bebê? Ele continuou, em tom de brincadeira, mas eu simplesmente virei as costas e o ignorei enquanto todos os outros voltavam às suas conversas.
— Quem está me procurando? Um garoto de uns 17 anos saiu da cozinha. Era magro, muito magro, com mechas de cabelo saindo do boné e cobrindo os olhos.
— Benny, você não nos contou que tinha uma namorada tão gostosa. Um colega lhe deu um tapinha nas costas. — Você anda ocupado, né? Devia começar a pedir hora extra.
— O quê? O cara olhou para mim depois de tirar o cabelo do rosto. — Do que você está falando?
— Benny, pare de brincar e saia agora, seu covarde! Gritei, mais uma vez chamando a atenção de todos.
— Sou o Benny. Disse o garoto, exibindo o seu crachá.
— Não, você não é o Benny, pelo menos não o meu namorado.
— Sou sim! Ele respondeu, nervoso, olhando para os colegas.
— Não é, não! Peguei o meu celular e mostrei uma foto do pai do meu bebê para um funcionário. — Estou procurando por esse Benny.
— Definitivamente não é. Ele olhou para o colega. — Você não é aquele Benny. Disse ele depois de olhar para o meu celular. — Desculpe, garota. Ele deu de ombros. — Esse cara não trabalha aqui. Ele só veio aqui algumas vezes como cliente, mas nunca foi funcionário.
— O quê? O meu corpo ficou mole. — Isso é impossível. Ele me disse que trabalhava aqui.
— Grávida e traída. Alguem disse pelas minhas costas, e eu levantei os dois dedos do meio acima da cabeça para quem quer que fosse o idiota.
— Você tem alguma ideia de onde eu posso encontrá-lo ou algo assim? Eu perguntei em desespero e ele negou. Mostrei a foto para os outros, e eles também não conseguiram me dar nenhuma pista.
Derrotada, saí da cafeteria e caminhei lentamente até a esquina, onde cruzei os braços e agarrei o moletom que estava vestindo.
O café naquela cafeteria era caro, então eu não tinha dinheiro para comprar. Além disso, durante todos esses meses, os meus turnos e os do Benny não coincidiram o suficiente para que eu o visitasse no trabalho.
— Sobre o que mais você mentiu para mim, Benny? Enxuguei as lágrimas e fiquei ali, pensativa.
Para onde ele ia durante os seus turnos?
De onde ele tirava o dinheiro para as despesas?
Por que a necessidade de mentir para mim?
Angustiada e decepcionada, caminhei até uma clínica próxima. Ao chegar, a simpática recepcionista me encaminhou para o departamento de obstetrícia e ginecologia.
A enfermeira me disse que eu teria que esperar porque não tinha consulta marcada e que o médico que me atenderia seria o do pronto-socorro.
Eu me senti estranha. Estava cercada por mulheres com barrigas grandes, a maioria acompanhada de seus parceiros. Eu as vi tirando fotos, outras conversando com os seus bebês.
Eu não conseguia evitar de me sentir deprimida.