[DIAS DEPOIS]
Estou parada no meio da sala do meu apartamento, olhando em volta como se algo estivesse errado.
A mala preta de rodinhas — uma só — está aberta no chão, encostada no sofá. Dentro dela: algumas camisetas, calças jeans, um moletom velho do Flamengo, um par de tênis surrado, uma nécessaire pequena e uma foto emoldurada da mãe dele, a Joana, sorrindo numa praia qualquer.
É tudo.
Marcos está na cozinha, tentando descobrir onde guardo as canecas, fazendo barulho desnecessário com os copos.
Eu cruzo os braços em cima da barriga e falo alto:
— Cadê o resto?
Ele aparece na porta da cozinha, pano de prato no ombro, sobrancelha arqueada.
— Resto do quê?
— Das suas coisas, Marcos. Móveis. Roupas. Livros. Panela. Aquela cafeteira que você vivia falando que era melhor que a minha. — abro os braços. — Cadê?
Ele dá de ombros, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Não tenho.
Eu pisco.
— Como assim não tem?
Ele entra na sala, se agacha para fechar a mala e sobe o zí