Saímos, e no estacionamento a brisa leve que corria quase limpava o peso do assunto que tínhamos deixado pra trás. Entrei no carro, liguei o motor, e o silêncio inicial foi confortável.
Na metade do caminho de volta, soltei a pergunta sem aviso: — Você namora? Ou tem alguém? Ela virou o rosto pra mim, surpresa. — Não. Até tive um relacionamento, mas acabou. Assenti, os olhos fixos na estrada. — Melhor assim. — E você? — ela devolveu, com aquele tom de quem não ia deixar passar. — Tem alguém? — Não. — soltei sem hesitar. — Nem quero. Ela franziu levemente a testa, como se buscasse entender. — Você fala da sua vida como se carregasse muita coisa. O que aconteceu, Dante? A pergunta me pegou de jeito. Segurei o volante com força, senti o maxilar travar. Respirei fundo antes de responder. — Você realmente quer saber? — minha voz saiu mais grave do que eu prete