Alice acordou com o som distante de pássaros no jardim. A brisa leve invadia o quarto pelas janelas entreabertas, trazendo o perfume do jasmim recém-florido. Era um desses dias que pareciam ter sido pintados por um artista romântico — céu límpido, luz dourada e uma sensação de que tudo, finalmente, estava no lugar certo.
Mas mesmo naquele cenário perfeito, seu coração carregava um leve tremor.
Ela se espreguiçou, sentindo o toque suave do lençol de algodão egípcio que nunca se acostumaria a chamar de “seu”. Olhou para o lado e viu o travesseiro bagunçado de Daniel. Ele havia saído cedo para resolver algo na cidade, mas deixara um bilhete sobre a mesa de cabeceira, com a caligrafia que ela já reconhecia de longe:
"Volto antes do almoço. Te amo. D."
Simples. Direto. Como ele era. E, ainda assim, Alice sentia que o chão sob seus pés era feito de vidro. Estava apaixonada, sim. Estavam juntos de novo, sim. Mas o mundo lá fora ainda a encarava como uma intrusa nesse universo de colunas de m