Alice acordou cedo naquela segunda-feira. O sol invadia o pequeno quarto onde agora dormia com a mãe, cuja tosse constante a despertava de tempos em tempos. A casa da família não era mais a mesma desde a morte do pai. As paredes pareciam mais frias, e o cheiro de mofo misturado ao chá de erva-doce tomava conta do ar. Mas ali ainda era o seu lugar, mesmo com todas as cicatrizes que o tempo e a perda haviam deixado.
Sentou-se na beira da cama, prendeu os cabelos com um elástico antigo e olhou para a mãe, que dormia de olhos semicerrados e respiração pesada. O coração de Alice doía. A mãe estava fraca, cansada, e ela sabia que não poderia perder mais nada.
Levantou-se em silêncio, como fazia todos os dias, e seguiu para a cozinha. Na pequena mesa de madeira, os documentos da tentativa frustrada de reaver parte das terras do pai estavam espalhados, como uma lembrança cruel de tudo que havia perdido. Ela havia recorrido a advogados, procurado registros antigos, tentado provar que a venda f