"Eu não quero que abaixe a cabeça assim Para mim e eu não sou o seu senhor, apenas o seu patrão. "
Daniel falava ainda bravo. "Sim, senhor. " Alice falou sem perceber. "Vejo que é ingênua demais menina. Não seja assim, e se acalme por favor. Suas pernas estão tremendo. Você não está diante de um monstro." Ao escutar, Alice percebeu que estava fazendo papel de boba e tentou por si só acalmar. "Sente aqui. Vou te dar um copo de água." Ele apontou para o sofá. Em outras situações, Alice teria se recusado, mas suas pernas e doendo demais depois do susto. Ela se sentou um pouco sem jeito, encolhendo as pernas e apertando o pulso, já que ele ainda doía. Alice bebeu a água quase em um só gole, sem parar. E devolveu o copo para o Sr. Daniel. " Me desculpe por isso. Sei que perguntou sobre a Senhora Telma. Ela ainda está muito atarefada, e tinha certeza que você ainda não estava por aqui. Por isso que eu vim. Mas não se preocupe, se quiser que eu saio… Posso voltar quando o Senhor sair. " Daniel ignorou. "Me fale, porque uma moça jovem está trabalhando assim. " Ele estendeu a mão para que ele colocasse seu pulso sobre ela. Alice, sem jeito, percebeu o que ele queria. Mas assim fez. Ela colocou sua mão sobre a dele. Uma mão quente e grande. "O que aconteceu aqui? Precisa passar alguma coisa para melhorar o inchaço. Espero um pouco. " Ele largou sua mão, com delicadeza e foi até sua escrivaninha pegar um gel, um gel que cheirava produtos naturais e naturalmente só o cheiro já ardia o nariz. Alice encolheu no sofá. "Não tinha medo. O máximo que vai sentir é refrescar seu machucado. Eu prometo que não vai doer. " Ele falou com calma, agora com sua voz mais mansa. Alice deu o braço novamente, estava um pouco mais confiante do que a uns minutos atrás, mas ainda seu medo percorria tímido seu corpo. Enquanto Daniel passava devagar o produto, Alice começou a observar que de fato ele realmente era alto, seus cabelos eram bem pretos e lisos, o corte de seu cabelo dava um ar forte de masculinidade. Sua pele era lisa e branca, e estava muito bem barbeado. Seu queixo era quadrado, o que deixava ele ainda mais bonito e seus olhos eram cor de mel, a parte mais bonita do rosto de Daniel. "Pronto. Agora eu creio que você ficará bem." Ele se afastou para colocar o pote em cima da mesinha de centro. Alice mexeu o seu pulso, e assim como ele falou, ela realmente não sentiu dor e talvez mesmo que sentisse, ela estava preocupada demais admirava o seu patrão. "Obrigada. " Ela se levantou tímida. "Você me perguntou o porquê não estou em uma faculdade. Preciso juntar dinheiro para isso antes. Minha família é humilde e esta passando por um momento difícil. " Ela falou já perto da porta. "Entendo. " Ele disse pensativo, mas não parecia prestar atenção, já que estava folheando alguns papéis em cima da mesa. "Vou te deixar sozinho. Mas prometo que voltarei para terminar de limpar . "Como esta sua mão? " Ele parecia preocupado. E agora já estava a olhando fixamente novamente. "Ela está melhor, não tenho palavras para te agradecer. " Ela disse em um sorriso tímido. "Então fique aqui e limpe devagar. Não precisa ter pressa, mas preciso que você mantenha a boca fechada. " Alice sorriu com vergonha. "Você tem certeza? Posso voltar depois e …" "Sim! Tenho certeza que a Telma vai mandar você fazer coisas pesadas novamente. Eu falaria com ela, mas estou ocupado e ela também. Então fique por aqui e não se esforce muito. Leve a tarde toda se quiser. Mas mantenha a boca fechada, pelo jeito, gosta de falar sozinha. " "Então está bem, já que insiste. Eu prometo que não vou falar mais nada. " Ela disse com um sorriso no canto da boca. Daniel não disse nenhuma palavra. Era como se Alice estivesse sozinha ali o tempo todo. Ela se controlou para não falar nada , nem xingar nem reclamar. E às vezes olhava para Daniel, muito concentrado no que estava fazendo. A única coisa que faltava limpar era a escrivaninha, exatamente onde ele se encontrava. Alice ficou parada um tempo para pensar no que falaria, ou simplesmente deixaria para lá e iria embora. Ao perceber que estava sendo observado, levantou a cabeça e se deparou com Alice imóvel na sua frente. "Precisa de mais alguma coisa?" "Preciso limpar aí. " Ela falou nervosa. "Há, certo… Tudo bem, posso sentar no sofá enquanto limpa. Mas se tirar as coisas do lugar, coloque novamente. Está bem? " Ele falou juntando os papéis. Alice assentiu e aguardou. Daniel se sentou no sofá se ajeitando e Alice começou a limpar a escrivaninha. Com muito cuidado para não estragar nada. Ela percebeu que ali em cima, tinha alguns porta retratos. Era o Sr. Daniel, muito bem vestido de terno e gravata, ao seu lado uma mulher muito jovem, loira e bonita e Sabrina a única filha, ainda pequena. Alice passou o pano com delicadeza. E olhou novamente para Daniel concentrado. "Coitado, viúvo tão jovem. Não entendo o porque ainda não arrumou uma nova mulher. Afinal, com tanto dinheiro e ainda bonito desse jeito… " Ela pensava enquanto passava o pano a cada detalhe da mesa, erguendo com cuidado os papéis. Daniel parecia ser organizado, mas Alice descobriu que aquilo era só aparência, já que a bagunça em sua mesa era grande, muitos papéis desorganizados. "Deve ser por isso que ele pede para não tirar do lugar. Ele deve se entender no meio de tanta zona." Ela suspirou. O silêncio do escritório foi interrompido por Telma chamando por Alice. "Alice! O que está fazendo aí até agora? Já faz 1 hora que está aqui, perdeu completamente a noção garota?" Ela falou abrindo a porta, sem reparar que Daniel estava ali, bem próximo a ela. Alice ficou paralisada com aquela mulher raivosa em sua frente. Mas desviou o olhar para Daniel que também estava perplexo ao ver aquela mulher gritando daquele jeito. Telma acompanhou o olhar de Alice, e se deparou com o olhar de Daniel o olhando incrédulo. "O que acha que está fazendo? Entrando assim nesse lugar e gritando desse jeito? Enlouqueceu senhora? " Ele falou se levantando. "Me desculpe. Achei que não estaria aqui, não vi o senhor voltando. Eu sinto muito por isso. " Ela abaixou a cabeça, bastante envergonhada. "Senhora Telma, você está já muito velha para agir dessa forma. Eu estava mesmo querendo falar com você, sobre essa maneira de tratar os funcionários desta casa. Sinto que negligenciei, em te observar de perto. Mas após essa jovem entrar aqui completamente assustada e com a mão machucada, percebi que deve estar abusando do seu poder como governanta. " Telma apenas escutou calada seu chefe falando. "Essa moça estava com a mão inchada por esfregar sabe-se lá o que. Não estamos mais na época da escravidão. Acho bom a senhora se redimir. " "Me desculpe, é que quero que esteja tudo muito limpo para o evento e … " Ela tentou se justificar, mas foi interrompida. "Não quero desculpas. Se me conhecesse bem, gosto de analisar os fatos e a verdade. E para mim, você está tratando essa jovem muito mal. Não só a ela, mas as outras também. Fique ciente que vou fazer uma reunião com todas. " Ele falou dando as costas. "Sim senhor, creio que possa estar certo. Me desculpe mais uma vez. Eu não vi que ela estava machucada, eu teria dado o restante do dia de folga." Ela falou com uma voz baixa. Alice, que observava toda a cena, deu uma leve risada e disfarçou, mas Telma percebeu antes e isso fez com que sua raiva aumentasse. "Quero que dê o restante do dia de folga. Além de que, quero que apenas ela venha limpar meu escritório a partir de agora. Se for dia de folga, não quero que me mande outra. Apenas ela. Está me entendendo? " Ele falou, caminhando em direção direção Alice. "Senhor, eu peço desculpas. Eu quem deveria ter vindo mas…. " Telma foi interrompida novamente. "Chega de desculpas. Não será mais você, mas ela quem ira limpar de agora em diante. Pode dar uma chave para ela. " O sangue de Telma estava fervendo, mas se ela desse qualquer outro grito daquele novamente, provavelmente seria demitida. "Tudo bem senhor, como quiser. " Ela ficou parada na porta. "Enquanto a você. Se já terminou, pegue suas coisas e pode ir. " Ele falou em um tom seco. "Tudo bem, já terminei e já estou de saída. Obrigada novamente senhor. " Ela abaixou a cabeça. Daniel gostava de ser chamado de senhor, mas por alguma razão, não gostava que essa palavra ficasse na boca daquela jovem. "Antes de ir, leve o creme… passe assim que doer. " Ele falou, olhando para os papéis novamente. "É muita gentileza sua. Obrigada. " Ela falou pegando o creme e colocando no seu bolso do avental. Telma ficou ali parada na porta, esperando que Alice terminasse de juntar todos os materiais. Ela estava como uma general, e Alice percebeu que teria problemas logo quando saísse daquele cômodo.