—Você vai ficar só olhando?— quebrou o silêncio o rapaz, voltando a olhar para frente e soltando outra baforada.
Mia engasgou por alguns segundos. Não sabia o que dizer, e o clima estranho e constrangedor só aumentava. Suas pernas pareciam travadas, mas ela reuniu coragem ao lembrar por que estava ali. Deu alguns passos, agora praticamente na frente do rapaz, que a encarava.
—Eu preciso falar algo com você—disse ela, tentando manter a voz firme e o olhar desafiador.
Ele sorriu de lado.
—E o que seria?—perguntou, tragando o cigarro e olhando para ela, seus olhos penetrantes deixando-a desconfortável.
Mia sentiu um tom de escárnio em suas palavras. O que ele teria contra ela?
—Ainda não nos conhecemos. Mas..." cruzou os braços para esconder o tremor em suas mãos. —Bem, eu tenho uma proposta.
—Uma proposta? Você tem uma proposta para alguém que não conhece? —ele arqueou uma sobrancelha.
—Sim. E eu vou pagar por isso—disse Mia, olhando-o nos olhos.
— Então é um serviço .Interessante. Continue—disse ele, com um sorriso divertido nos lábios.
Mia se sentiu ridícula. "Não acredito que estou fazendo isso," pensou.
—Eu quero que finja ser meu namorado—finalmente disse Mia, decidida.
O rapaz arregalou os olhos e soltou uma risada. Mia se sentiu ainda mais constrangida.
—Por que está rindo?—perguntou, indignada.
—Desculpe, é só que... nunca recebi uma proposta assim antes—disse ele, entre risadas .—Geralmente as garotas já chegam querendo outra coisa.
— Não estou entendendo — Disse Mia receosa
Nathan cessou o riso e levou seu rosto na altura do dela .
— Bom, se veio aqui para me pedir que trepe com você , amor . É só ser mais direta .— Disse sussurrando .
Mia sentiu seu rosto arder de vergonha. "Isso está saindo completamente errado," pensou.
—Eu não vim aqui para isso— disse Mia, tentando recuperar sua dignidade.
—Então, do que estamos falando exatamente?— ele perguntou, com um sorriso divertido nos lábios.
Mia respirou fundo.
—Eu preciso que finja ser meu namorado e se apresente ao meu pai. Vai ser por, no máximo, uma semana. Eu vou pagar a você, e depois nunca mais nos veremos na vida. É só isso— disse, reunindo toda sua coragem.
Houve um momento de silêncio, enquanto ele a observava.
—E então?— perguntou Mia, ansiosa.
Ele suspirou.
—Por que eu deveria aceitar?
—Não há necessidade de saber o motivo—respondeu Mia, engolindo em seco.
—Ok, eu aceito— disse ele, pondo as mãos nos bolsos.
Mia ficou surpresa, uma mistura de alívio e medo percorrendo seu corpo.
—E quanto vai ser?—perguntou Mia, ansiosa.
— Veremos depois. Agora tenho que ir— disse ele, agachando-se para pegar suas coisas.—E a propósito, já sabe meu nome?"
—Nathan Lewis—respondeu Mia, tímida.
Ele acenou com a cabeça e sorriu antes de virar-se e sair.
—Espera, como posso entrar em contato com você?—chamou Mia, quando ele já estava se distanciando.
—A gente vai se ver— respondeu ele, olhando-a por cima do ombro. —Até mais, Davis— disse, piscando para ela antes de desaparecer.
…
Sete da noite
Casa dos Davis
Mia estava fixada na televisão, mas na verdade mal estava prestando atenção ao programa que passava diante dela. Sua mente estava imersa na recente conversa e no dono dos olhos escuros.
— Filha?
Ela deu um pequeno salto ao ouvir a voz do pai chamando-a e voltou sua atenção para ele.
— Desculpe, papai, estava meio distraída. — Endireitou-se no sofá quando ele se sentou ao seu lado.
— Distraída mesmo, chamei três vezes e você nem me ouviu. — O pai comentou com um sorriso amigável.
— São as matérias na faculdade, às vezes me perco. — Disse ela, sorrindo.
— Eu entendo, mas eu queria te pedir algo.
— Qualquer coisa, papai. — Virou-se, sentando-se ereta de frente para ele.
— Filha, eu sei que prometi desfazer o meu acordo com Fernando...
Mia sentiu seu coração descompassar.
— Papai, eu não posso... — começou, com a voz embargada pelo choro.
— Calma. — O pai a segurou pelos ombros, olhando-a nos olhos. — Eu vou falar, apenas ainda não falei.
Mia se acalmou um pouco, mas a ansiedade ainda latejava dentro dela.
— Agora escute, preciso que você vá comigo amanhã no jantar ainda como noiva, ok? — O pai disse com firmeza. — Por favor, Mia. Prometo que irei falar ao fim do jantar, está tudo bem?
— Está bem, eu posso fazer isso. — Disse, sentindo-se pressionada, mas incapaz de recusar.
— Obrigado, querida. — Ele beijou sua mão e levantou-se. — Bom, e quando vou conhecer o seu namorado?
Mia engoliu em seco, sentindo o peso da mentira pesar em seus ombros.
— Ah... ia ser amanhã, mas como tem o jantar e tudo mais, acho que é melhor no fim de semana, não acha? — Deu de ombros, fingindo um sorriso doce, mas por dentro, a culpa a corroía. A mentira estava se tornando cada vez mais difícil de sustentar, e ela sabia que cedo ou tarde teria que enfrentar as consequências de suas ações.