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O acordo
O acordo
Por: Kim amora
Um namorado para você

 — Eu não quero me casar! — Mia gritou, suas mãos tremiam sobre a mesa do escritório do pai, que a encarava estupefato diante da explosão de sua filha.

— Como ousa falar assim com seu pai, mocinha? — A repreensão do pai ecoou no escritório.

Mia bufou, virando-se abruptamente para deixar o recinto, seus passos ecoando pelo corredor com urgência. Antes que pudesse alcançar as escadas que levavam ao segundo andar, o senhor Davis a segurou pelo braço, interrompendo seu caminho.

— Mia Davis, não dê as costas ao seu pai quando estou falando. — A voz dele soou séria, repleta de autoridade.

— Mas você não está me escutando, está apenas querendo que eu aceite essa barganha ridícula entre você e seu sócio. — Mia retrucou, os olhos marejados de lágrimas. Ela puxou o braço com um solavanco, massageando-o onde fora agarrada.

— Não diga isso, querida. Eu a amo. — O semblante sério do pai se suavizou, seu olhar transbordando de culpa.

— Como me ama? Está me condenando a uma prisão sem grades, a um casamento onde não amo o homem que estará ao meu lado. Se mamãe estivesse aqui, isso não teria acontecido. — A voz de Mia carregava amargura e tristeza.

— Oh, minha filha! Eu só quero vê-la feliz. Jamais faria algo para te causar infelicidade.

Uma risada curta escapou dos lábios de Mia, uma única lágrima escorrendo pelo seu rosto alvo, um retrato de conflito emocional.

  — Como seria feliz ao lado de um homem que não conheço? Que nem sequer sei quem é direito. E além disso, ele é mais velho que eu. Eu quero ser feliz com quem eu amo. — O tom de voz de Mia suavizou-se, seus olhos buscando o pai que, como sempre, estava prestes a ceder aos seus encantos. — Papai... — ela segurou as mãos dele — papai, por favor, não me condene a isso. Deixe-me livre.

O senhor Davis sentiu um aperto no peito. Sua pequena filha, agora uma mulher, estava ali, pedindo algo que ele poderia facilmente conceder. No entanto, ele havia dado sua palavra ao sócio. Precisava honrar isso. Além disso, fora o sócio que havia alavancado a empresa. Estavam à beira da falência, e ele não podia permitir que o legado de sua família se desfizesse. Sua filha era seu tesouro mais precioso, como um anjo, bela e delicada, e ele jamais permitiria que ela caísse nas mãos de Jeremy Ferrari, o filho mais velho de seu sócio, que agora estava noivo de sua tão adorada menina.

— Perdoe-me... mas não posso voltar atrás com minha palavra. — Ele disse, sentindo o peso da decisão, enquanto observava o rosto de sua filha se desfazer em tristeza profunda. Podia ver a decepção estampada ali.

— Eu jamais vou perdoá-lo. Jamais! — Com essas palavras, Mia virou-se e subiu as escadas rapidamente, indo até seu quarto e se jogando na cama, onde chorou por horas a fio. O peso da inevitabilidade era quase insuportável.

  Já era tarde da noite quando Mia ouviu uma leve batida na porta, que inicialmente ignorou, perdida em seus pensamentos tumultuados.

— Posso entrar, querida? — A cautelosa voz de seu pai quebrou o silêncio e a escuridão do quarto. — Bom, eu vou entrar. — Ele adentrou com cuidado, observando sua filha deitada, imersa em seu próprio mundo. — Está um pouco escuro, vou ligar a luz. — Após iluminar o quarto, ele pigarreou, colocando as mãos nos bolsos enquanto seus olhos repousavam sobre um porta-retratos que adornava a cômoda. — Sua mãe estava linda aqui, como você. — Ele murmurou, um toque de nostalgia colorindo suas palavras. — E casar com ela, viver uma vida ao seu lado, ter você, foram as melhores decisões que já tomei na vida. E sabe, eu conheci sua mãe em uma barraquinha de sorvete, e nos apaixonamos perdidamente.

— Aonde quer chegar com isso? — Mia se sentou na cama, observando seu pai parado diante da cômoda, onde os porta-retratos guardavam memórias preciosas.

Ele virou-se para encará-la nos olhos.

— Agora eu entendi tudo, você está apaixonada. Conheceu o amor da sua vida. — Ele falou com entusiasmo, quase emocionado.

Mia arregalou os olhos, uma mistura de confusão e espanto a dominando. Ela tinha ouvido corretamente? Seu pai realmente acreditava que ela estava apaixonada por outro homem? Era sério?

— Ahhh... papai, eu... — Ela tentou articular uma resposta coerente.

— Mia, meu amor. — O senhor Davis aproximou-se, sentando-se ao lado da filha e segurando suas mãos. — Querida, eu sei que não tenho estado muito presente desde que perdemos sua mãe, e sei que errei ao fazer esse acordo com Fernando. Mas fique tranquila, vou dar um jeito de falar com ele, posso até vender mais partes da empresa para pagar o que devo. Mas eu nunca negaria a você, minha princesa, a sua felicidade.

— Papai, eu te amo! — Mia lançou-se nos braços do pai, que a abraçou com ternura. — Obrigada, papai, obrigada.

— Mas olha, eu quero conhecer esse tal partido pelo qual você está tão apaixonada. Fale-me dele. — Ele desfez o abraço e a encarou, seus olhos expressando curiosidade e preocupação.

  Mia sentiu um frio na barriga, nunca havia mentido para seu pai. No entanto, também nunca havia se apaixonado, na verdade, nunca havia nem chegado perto de um relacionamento de verdade. Eram apenas algumas saídas inocentes e alguma pegação quando Melanni, sua melhor amiga, a levava às festinhas que seu pai nunca desconfiaria que ela frequentasse.

— E então? Quem é o rapaz misterioso? É filho de um de nossos amigos? Não é um dos meus empregados, é? — indagou com uma sobrancelha erguida.

Mia estava ficando nervosa, e agora? O que iria fazer? De onde iria tirar um namorado assim do nada?

— Ele é da faculdade, pai.

— Um advogado? Sempre pensei em ter um genro para trabalhar nos negócios comigo. — Disse animado.

Mia riu sem graça, colocou uma parte do cabelo loiro que caía insistente sobre seu rosto atrás da orelha.

— Papai, eu tenho prova amanhã e tenho que dormir. Podemos conversar amanhã, o que acha?

— Essa é minha menina, inteligente e dedicada aos estudos. — Levantou-se e deu-lhe um beijo na testa. — Boa noite querida.

— Boa noite, pai.

O senhor Davis deu alguns passos em direção à porta, mas antes que pudesse sair, olhou mais uma vez para sua filha.

— Você não está grávida, está?

Mia deu um pulo da cama, alarmada com o susto da pergunta repentina.

— Papai, é claro que não! — disse alarmada, sentindo-se envergonhada com a situação.

— Mia, se está grávida, saiba que pode contar comigo, eu...

— Papai, pare por favor. — Disse levantando uma mão para interrompê-lo — Eu não estou grávida. Bom, eu estou namorando um cara e estamos apaixonados e bem... a gente se protege. — Tentou parecer firme.

— Oh sim, claro. — sorriu para a filha — Boa noite, querida.

Quando o senhor Davis saiu, Mia jogou-se de costas sobre a cama, soltando o ar.

— E agora? O que vou fazer? — Perguntou para si mesma. — Já sei, Melanni vai saber o que fazer. — Levantou-se em um pulo, pegando o celular sobre seu criado mudo e discando o número da amiga. — Alô? Melanni, amiga, eu preciso de você. Isso, me encontra amanhã no café ao lado da saída sul da faculdade. Está bem, até amanhã.

Desligou o telefone e o jogou em cima da cama, ficando ali deitada olhando para o teto cor de marfim.

— É isso, estou completamente perdida.

  Nove da manhã 

   Faculdade Estadual de Manhattan 

Na atmosfera aconchegante do café, Melanni e Mia se encontravam mergulhadas em uma conversa carregada de tensão e segredos.

— Caramba, está grávida? — Melanni exclamou, batendo as duas mãos sobre a mesa, fazendo os copos tilintarem.

— Meu Deus, fala baixo! — Mia respondeu, lançando olhares cautelosos ao redor, onde os olhos curiosos de alguns frequentadores já se fixavam nelas — Mel, eu não estou grávida. — Disse entre dentes, num sussurro nervoso.

— Mas então por quê…

— Não ouviu o que eu disse? — Perguntou Mia, num tom quase imperceptível — Meu pai achava que eu estava grávida porque não queria me casar com o tal filho do sócio dele e por ter escondido o meu "namorado". — As palavras escapavam-lhe dos lábios, carregadas de frustração e receio, enquanto ela dava um gole em seu suco detox, como se buscasse alguma coragem na bebida.

— Me desculpa, eu não tinha entendido. Mas é muito bizarro o seu pai querer te casar à força em pleno século vinte e um. — Melanni deu de ombros, sua expressão mesclando surpresa e indignação. — Mas e aí, já pensou em algo?

Mia encolheu os ombros e passou uma mão no cabelo, uma expressão de angústia pairando em seu rosto. Ela mordeu o lábio inferior, sentindo-se desamparada, quando se recostou na cadeira.

— Bom, agora eu preciso de um namorado. O cara por quem estou apaixonada, o homem da minha vida. — Disse, num suspiro, levantando as mãos em gesto de resignação, como se estivesse entregando-se ao destino. — Acho que de qualquer maneira vou ter que me casar, não conheço ninguém e não posso mentir para meu pai.

O olhar de Mia encontrou o de Melanni, que a fitava com um sorriso peculiar, carregado de expectativa.

— O que foi? — Mia perguntou, sua voz soando um tanto desesperançada.

— Eu acabei de ter a ideia mais sensacional de todas. — Disse Melanni, seus olhos brilhando com entusiasmo.

— E qual é? Vou arranjar um passaporte falso e fugir? Como noiva em fuga. — Mia respondeu num tom sarcástico, brincando com o canudo em seu suco.

— Não, gata, vamos contratar um namorado para você! — A sugestão de Melanni pairou no ar, carregada de audácia e mistério, deixando Mia atônita diante da ousadia da proposta.  

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