Campus da faculdade
Oito e meia da noite
Melanni estacionou o carro, e a mansão da fraternidade dos jogadores de futebol estava lotada. O som alto, o falatório e o entra e sai de pessoas deixavam Mia ainda mais apreensiva. O coração batia descompassado dentro do peito, enquanto ela observava a agitação ao redor.
O que diabos estava fazendo afinal? Era loucura!
— O que foi? — Melanni parou de andar em direção à fraternidade, olhando para trás e vendo Mia parada, encarando a casa.
— Eu não sei se é uma boa ideia. — Disse Mia receosa.
— Amiga — Melanni suspirou, indo até ela e segurando-a pelos ombros. — Já fomos a muitas festas assim, está com medo de quê?
— Eu acho que não vamos encontrar a pessoa certa aqui para o que queremos. Podemos tentar em outro lugar. — Disse com um olhar suplicante.
— Mia, pelo amor de Deus! Me escuta, esse aqui é o lugar mais provável de encontrar alguém interessado em dinheiro. Metade desses alunos são bolsistas de família humilde. Além disso, depois que seu pai desfizer o acordo, a gente dá um chute na bunda do idiota e tudo volta ao normal. Ok?
Mia não estava certa disso, mas o que teria mais a perder além de sua preciosa liberdade?
— Está certa, vamos.
Tomando coragem, entrou com sua amiga na casa que estava realmente lotada. A mansão da fraternidade era grande, realmente grande, tanto que a sala principal era uma verdadeira pista de dança, ao som de um DJ que tocava ao fundo, luzes coloridas iluminando o ambiente como uma verdadeira boate. Bebidas eram servidas de um lado para o outro. Mia ficou pensando se Heitor, da faculdade, realmente aceitava esse tipo de coisa, ou se estavam burlando as regras. Não iria pensar nisso, não iria beber, iria apenas fazer o que tinha que ser feito e rezar para que tudo acabasse logo.
— Vamos para a cozinha pegar uma bebida. — Declarou Melanni, puxando a amiga.
— Eu não quero beber.
— A gente não vai ficar bêbada, vamos apenas nos enturmar. Vamos que eu preciso falar com alguém.
— Espere! — Mia a puxou, fazendo-a parar. — Não vai envolver mais ninguém nisso, não é?
— Claro que não, eu só vou trocar uma ideia e sondar o ambiente. Não podemos falar com qualquer um, entendeu?
Mia estava nervosa, mas precisava confiar na amiga que sempre soube o que fazer. Cedeu assim e foram para a cozinha que estava lotada de alguns membros do time de futebol principal da faculdade, os caras que todas as garotas do campus queriam tirar uma casquinha, os caras que molhavam as calcinhas só com sua presença. Mia não era imune a garotos, mas sempre se guardou para o cara certo. Parecia ridículo ou talvez um tanto ultrapassado, mas ela queria amar alguém de verdade para depois se entregar de corpo.
— E aí, se não é a senhorita Brown.
— Cai fora Traves. — Disse Melanni, pegando duas garrafas de cerveja na geladeira.
— Nossa, quanto mal humor. E aí, Mia. — Disse o loiro olhando de cima a baixo para Mia que estava de braços cruzados o encarando.
— Fala aí, Traves. — Respondeu a contragosto.
— Pega, Mia. — Melanni falou, dando uma das garrafas para Mia que a pegou — Agora vamos para outro ambiente que esse aqui está contaminado.
— Qual é, em? Não vai me perdoar nunca? — O garoto gritou.
— Vá se ferrar! — Disse Melanni mostrando um gesto indecoroso com o dedo do meio. — Babaca. — Resmungou saindo da cozinha juntamente com Mia.
— Ele é tão… — Mia falava quando parou abruptamente quando seu corpo colidiu com alguém maior à sua frente.
— Ai, toma cuidado. — Melanni disse segurando o braço da amiga que limpava com a mão o suéter agora molhado parcialmente de cerveja.
— Desculpe, eu não sabia que tinha que dar passagem para vossa alteza cor de rosa passar. — Disse o rapaz com um ar de escárnio.
Mia olhou finalmente para a face dele que a encarava com o ar de deboche, olhos escuros e profundos, como o cabelo um tanto grande acima dos ombros, contrastando com a pele alva. Roupas pretas, tatuagens por todo braço direito, Mia nunca tinha visto ele na faculdade antes.
— Qual é a sua, babaca? — Melanni repreendeu o rapaz que agora lhe confrontou com o olhar.
— Olha se não é o nosso mais novo recruta Nathan Lewis! — Traves chegou passando pelas garotas indo direto para Nathan, que abriu um sorriso torto ao vê-lo. — achei que não vinha.
— E não vinha mesmo, mas sabe como é, tive um péssimo dia e uma discussão com meu velho e sair para espairecer.
— Então vamos, precisamos animar você. Com licença! — Disse passando com Nathan entre as duas garotas que apenas ficaram paradas olhando a cena.
— Oi, vocês estão bem?
Mia olhou para o rapaz de olhos castanhos gentis que se aproximou.
— Não foi nada demais, Garrie. — Ela disse esboçando um sorriso gentil para o rapaz.
— Vamos sentar lá no deck, não tem tanta gente.
…
...
Garrie conduziu Mia e Melanni até o deck, onde havia menos agitação.
— Quem é o babaca novato? — Melanni perguntou para Garrie quando chegaram ao deck, se recostando ao parapeito de madeira.
— Aquele é Nathan, ele foi transferido do Arizona e parece que é muito bom jogador porque já veio ocupando uma vaga no time. Você está bem? — Garrie olhou para Mia, que parecia absorta em seus pensamentos.
— Ah, sim, estou. É só que ele manchou meu suéter. — Respondeu Mia, olhando para o rapaz que a admirava, logo sentindo seu rosto esquentar com o olhar. Sabia que Garrie era afim dela desde o ano passado quando começaram as aulas de leis juntos.
— E sabe algo sobre ele? — Melanni perguntou, puxando a atenção do rapaz para si.
— Qual é? Tá afim dele? — Garrie perguntou, sorrindo divertido.
Melanni deu de ombros, dando um gole em sua cerveja.
— Só sei que... — Ele olhou para fora, observando o gramado. — Ele estava metido com várias brigas, que chegou a ser preso... — Deu de ombros. — Não sei muito. — Olhou para Mia e depois para Melanni. — Ele é muito amigo do seu namorado.
— Ex-namorado — Melanni respondeu com uma carranca. — Olha, a Mia tá sem nada para beber, por que não vai lá pegar, hum?
— Ah, claro. — Sorriu e saiu.
— Ele é o nosso cara! — Melanni se aproximou de Mia sentando a seu lado.
— Quem? O Garrie?
Melanni bateu na própria testa.
— Não, claro que não. O tal do Nathan.
— O quê? O babaca? — Mia arregalou os olhos, assustada.
— Tá, ele é um babaca. Mas veja só, ele não sabe quem você é e parece tá precisando de grana. Deve estar com bolsa e não parece o tipo de cara que vai ficar em cima. É serviço feito. — Disse animada.
— Eu não sei não. — Disse Mia, apreensiva.
— Vai por mim, esse é o cara.
...
Oito da manhã
Casa de Melanni
Mia acordou com o alarme estridente do despertador da amiga que vibrava sem parar. Bateu no aparelho até que cessou o barulho.
— Acordou, finalmente! — Disse Melanni animada ao entrar no quarto, vendo Mia sentada na cama.
— Estou tão cansada, não podemos faltar hoje? — Mia suplicou para a amiga, que parou de colocar alguns livros na bolsa, virou-se e a olhou cruzando os braços.
— Eu sei bem o que está tentando fazer. — Melanni foi até ela, puxando-a pelos braços.
— Mas eu...
— Mia Davis, vá agora para o banheiro, tome um banho, desça que vamos tomar café e ir para a faculdade.
— Não tem nenhuma prova importante hoje — Disse em protesto, sentindo-se nervosa.
— Hã não tem, mas temos algo muito
importante para fazer. — Melanni a virou de frente. — Vamos falar com seu futuro namorado.