Enquanto o destino de Amanda e Ryan é traçado por suas próprias mãos, em um lugar distante, Ayla se encontra em um voo de volta para casa. Ela olha pela janela, vendo as nuvens se esticarem até onde os olhos podem ver, mas sua mente está em outro lugar..—Com licença, senhorita. Você está precisando de algo?— pergunta a aeromoça ao seu lado.Ayla pisca, voltando à realidade ao som de sua voz. Ela olha para a aeromoça, vendo a preocupação em seu rosto, mas não consegue encontrar as palavras para responder.—Não, está tudo bem. Muito obrigada— responde ela finalmente, forçando um sorriso fraco.A aeromoça assente, oferecendo-lhe uma caixa de lenços antes de se afastar. E foi então que Ayla percebeu que estava chorando.—Ah, obrigada.— Ela disse, ainda que se sentindo um pouco constrangida.Enquanto Ayla enxugava suas lágrimas, ela recorda de tudo do lugar que estava deixando para trás.Lembra que havia se perdido nos olhos de Juan desde a primeira vez, e ela temia profundamente que nunc
Naquela manhã, Juan havia deixado a janela aberta.Ele se encontrava em seu escritório, se preparando para um dia que seria longo, exaustivo e tedioso como todos os seus dias sempre eram presos em sua própria monotonia.Juan para em frente a janela, e dessa vez, ele olha para baixo, e acaba por recordar da última vez em que esteve exatamente daquele jeito. Ali em cima, observando Ayla ter o primeiro contato com Emma e como aquilo havia atiçado sua curiosidade completamente. Ele consegue visualizar outra vez todo o início daquela história emaranhada, de conflitos esquecidos e que agora eram apenas cobertos por pedaços de ausência.—Senhor Barichello, podemos continuar?— A voz do mordomo da casa surge no escritório.Juan sequer havia percebido que Gomez batera na porta, preso em seus próprios pensamentos.—Por favor, Gomez.— Ele responde, por fim, virando-se. —A senhora Edith já voltou?—Sim.— Gomez responde com firmeza. —Emma já se encontra na escola.—Certo, obrigado.— Juan diz, o dis
—Ele é da família, Ayla.— É o seu pai quem responde.Ayla dá um sorriso nervoso, porque ela realmente queria resolver tudo aquilo sem confronto, mas já era tarde demais. —Da família?— ela pergunta e não evita sorrir. —Eu realmente gostaria que não pudéssemos conversar sobre isso. Mas acho que será necessário falar sobre todas as lágrimas que eu chorei desde que Erlon decidiu que eu não mereço nem o menor dos respeitos. O jeito como meu coração saiu destroçado quando o vi deitado na nossa cama com a Diana. A minha própria irmã.—Pare de inventar acusações tão cruéis e irreais sobre sua própria irmã.— É a mãe de Ayla quem fala dessa vez.—Eu concordo.— Erlon diz, por fim. —Porque jamais faríamos algo assim.— E ali ela teve a certeza de que nunca poderia entender o que se passava na cabeça de um homem.Ayla encarou Erlon e se perguntou aonde estaria todo o seu passado com ele, toda vida e energia que ela desperdiçara e que não voltará jamais. Olhou para o sorriso cínico nos lábios de E
Capítulo 44Jeff sorri meio sem graça e então leva as mãos até os cabelos, afastando seus olhos. O movimento hipnotiza Ayla, enquanto ela segue esperando pela resposta.—De vez em quando eu tropeçava em minhas próprias regras e acabava pensando em você.— Jeff responde, por fim.—Mas já faz dois anos, não é?— Ayla pergunta de volta, e sua voz não passa de um sussurro.—E eu sinto que passou em um piscar de olhos.— Jeff responde, a expressão tímida e vergonha em seu rosto. —E eu acho que é por isso que minha mente ainda te traz até a mim. Porque naquela última vez, eu achei que seria igual as outras vezes, sempre acabando, mas nunca acabando de verdade.Ayla sorriu com aquele comentário, porque relembrou o quão conturbada havia sido sua relação com Jeff. Como sempre iam e voltavam, e a cada volta a intensidade de tudo parecia ainda maior. Desde a adolescência havia sido assim, o amor intenso, as brigas intensas, a reconciliação e juras de que nada daquilo iria acontecer outra vez; até q
—Às vezes, o maior risco na vida não é tentar e falhar, mas sim se recusar a tentar. As cicatrizes do passado devem se tornar os lembretes do presente, e não as correntes que te prendem ao que passou. O amor é uma jornada corajosa; não deixe que o medo o impeça de conseguir a glória da chegada.Foram aquelas últimas palavras que saíram da boca de Ryan, a última vez que ele decidira tocar no assunto e tentar tocar, de alguma maneira e por alguma sorte, a teimosia e o sentimento de Juan.Seu irmão apenas engole em seco, ele não tinha muito do que falar. Juan sabia que Ryan tinha razão, em cada palavra que dissera, mas o seu medo o deixava quase paralisado, as lembranças da sensação de ter a confiança rompida ainda queimava profundamente.—Obrigado, Ryan.— Em contrapartida, isso é tudo que ele diz.Juan desejava abrir mais o seu coração e falar que compreendia o que Ryan dissera e também falar o que queimava em seu peito, mas ele não conseguia fazer aquilo. Parecia que a única pessoa com
Capítulo 46Enquanto Juan lidava com as consequências de sua escolha, ou não-escolha, Ayla caminhava sob as luzes da cidade até o caminho do bar.Já era noite e as pequenas luzes coloridas da rua pareciam tão bonitas como sempre foram, brilhando em contraste com a pequenas estrelinhas no céu.Assim que Ayla chega em frente ao bar, ela enxerga Jeff, que a espera com um sorriso no rosto. Os olhos castanhos brilhando, os cabelos ruivos e úmidos penteados para trás. Ele vestia uma jaqueta jeans escuro e suas mãos estavam enfiadas no bolso enquanto Ayla seguia em sua direção.—Aqui estamos nós, de volta a Clash '99.— Ayla anuncia sorrindo quando para ao lado dele.—Assim como nos velhos tempos.— Jeff responde sorrindo e então se abaixa para a cumprimentar e dar um beijo rápido em sua bochecha. —Você ainda usa o mesmo perfume.— Ele notou.Ayla sorriu no mesmo instante e se perguntou que tipo de remédio para memória Jeff tomava.—Eu sou assim; previsível.— Ayla responde, por fim.Então os do
Capítulo 47Juan encarava Jeff fixamente, seus olhos brilhavam com a mais pura chama de revolta, ciúme e outro sentimento que ele não saberia nomear naquele momento. Ele só sabia que não era nada bom. Um turbilhão de emoções incontroláveis rugia dentro dele, como um mar agitado em uma tempestade sem fim.—Perdão, nós nos conhecemos?— Jeff perguntou, sua voz soando calma e polida, mas Juan podia detectar um leve traço de confusão em seu tom.As mãos de Jeff finalmente se afastaram do corpo de Ayla nesse momento, e só então Juan aliviou os punhos que estavam brutalmente cerrados, sentindo o latejar da tensão em suas veias.Jeff encarou Juan, curioso. A sobrancelha arqueada, uma batalha prestes a ser travada entre eles. Juan não cedeu nem sequer um passo para trás, mantendo-se firme e também o encarando, desafiador.—Não. E tenho certeza de que também não gostaria,— respondeu Juan, sua voz carregada de uma intensidade que quase soava como um rosnado, sua postura rígida como a de um guerr
—Acho que ainda falta muito para gente, um dia, poder caminhar na mesma estrada, dividir um mesmo caminho, sabia? Nós dois ainda precisamos aprender a falar, a conversa de verdade. E quando eu falo ‘nós’, me refiro a você.Naquele momento, Juan sentiu a própria culpa enterrando a dor em seu peito.Ele olhou para Ayla e engoliu em seco ao perceber o vazio em seu olhar. O olhar que antes ardia com uma paixão sobrenatural. E agora, todo aquele sentimento pareceu ter sido escondido em um canto da sua alma que também costumava brilhar. Mas agora tudo parecia estar pelo avesso e ele soube que tudo aquilo era culpa de sua própria estupidez.—Você conhece o ditado que diz que o não te mata te faz mais forte?— Juan perguntou de repente.Ayla estava tão confusa com aquela pergunta repentina que apenas negou com a cabeça e Juan continuou:—Porque o que não me mata, não me fez mais forte de jeito nenhum. Pelo contrário, é uma prova viva da minha fraqueza.Ayla engole em seco, sentindo que tinha