Emma estava sentada no tapete fofo do quarto novo, abraçada ao ursinho de pelúcia que insistia em carregar por toda a casa. O quarto era bonito demais para ser real, parecia capa de revista: paredes em tom azul claro, nuvens pintadas no teto, móveis brancos impecáveis, cada detalhe escolhido com cuidado por Ayla e Juan. Mas, para Emma, aquilo tudo tinha gosto de ameaça.
Por mais que a garota tentasse tirar aquilo da mente, a sensação persistia.
Ela olhava para o berço como quem olha para um inimigo. Tinha certeza de que, quando aquele bebê chegasse, todo o riso, todo o colo, todo o “boa noite, princesa” que recebia antes de dormir seriam entregues a ele. Às vezes, sentia vontade de entrar no berço antes, só para marcar território. Outras, queria chutar forte o móvel, ver se aquele mundo planejado desmoronava.
Ayla entrou de mansinho, a barriga enorme ocupando o espaço antes dela. Carregava uma pilha de roupas minúsculas, dobradas com exagerado cuidado.
— Olha isso, Emma… tão pequenini