Depois de deixar o apartamento de Verônica, Henry retornou à mansão com uma única certeza: o cerco estava se fechando. Seus passos ecoavam nos corredores vazios como se o próprio casarão já o rejeitasse. A pressão no peito aumentava a cada respiração, como se alguma fera invisível lhe apertasse as costelas.
Ao abrir a porta principal, foi recebido por Benjamim, que o cumprimentou com um educado "boa noite", inclinando levemente a cabeça. Henry, com o cenho franzido e a mente em tumulto, sequer dignou-se a responder. Seus dedos tamborilavam nervosamente contra a perna enquanto seguia direto para a biblioteca, como um homem que foge do mundo para buscar refúgio no álcool.
O cheiro de couro envelhecido e papel antigo enchia o ar quando ele entrou. Com movimentos bruscos, pegou a garrafa de uísque Macallan 25 anos – a mesma que guardava para ocasiões especiais – e derramou uma dose generosa no copo de cristal. Depois, outra. E, por fim, completou com mais um dedo da bebida âmbar, quase tra