O silêncio da suíte era espesso como névoa antes da tempestade. Veronica permanecia de pé diante da janela, o robe de seda vermelha agarrando-se ao seu corpo como uma segunda pele. A fumaça do cigarro saía pela janela como um lamento silencioso, serpenteando no ar frio da noite, dissipando-se lentamente, assim como os últimos traços de orgulho que ainda lhe restava. Lá fora, as luzes da cidade pareciam zombar de sua falência financeira com o brilho indiferente dos arranha-céus. Dentro dela, tudo era caos.
Ela ainda custava a acreditar. O impossível agora era realidade — cruel, sarcástico, como uma piada de gosto amargo escrita pelo destino. Ela, Veronica, filha de uma linhagem respeitável, sempre impecável, educada para brilhar... e mesmo assim, eclipsada por Evelyn. Uma mulher que até outro dia não passava de uma órfã anônima, sem sequer ter uma nota de rodapé no grande livro dos Ashbourne. Agora? A legítima herdeira de uma fortuna imensurável. Veronica apertou os