A madrugada tocava o mundo com seus dedos de névoa quando Evelyn abriu os olhos. Ainda era cedo demais para o sol e tarde demais para os sonhos. A casa dormia, mergulhada no silêncio espesso que só o peso da verdade podia criar. Mas ela não.
Envolta num robe de cetim azul-marinho, caminhava descalça pelo jardim úmido da madrugada. Os arbustos estavam cobertos de orvalho, e as pedras frias sob seus pés traziam-lhe uma lucidez dolorosa. Cada passo era como pisar nas ruínas de uma identidade em colapso.
O que era ela agora?
Herdeira? Usurpadora? Um fantasma do passado retornando para ocupar um trono de sangue?
As palavras ditas no dia anterior ecoavam como uma sentença em sua mente. Filha legítima de Ivan Ivanov Ashbourne. Neta de Arkady, herdeira de uma dinastia.
Ela nunca pedira por isso. Nunca sequer imaginara. E agora… era como se o universo decidisse virar todas as peças do tabuleiro de uma só vez.
Evelyn parou diante do velho carvalho no centro do jardim. A br