A sala congelou. Até o zumbido do ar-condicionado pareceu se calar diante da malícia explícita no comentário. Os conselheiros, embora experientes no jogo corporativo, encolheram-se em suas poltronas como espectadores de um duelo que sabiam ser pessoal demais — e perigoso demais — para interferirem.
Evelyn sustentou o olhar de Veronica.
Não se moveu, não piscou. Apenas respirou fundo. Lentamente. Como quem mede a pólvora antes de acender o fósforo.
— Talvez eu encontre, sim — respondeu, com a voz firme e surpreendentemente serena. — Talvez eu descubra que minha família... tem mais honra do que aqueles que se deitam com homens pelo sobrenome que carregam. Ou que se satisfazem com o cheiro de mofo... ao invés de saberem o que é sentir prazer verdadeiro.
Um silêncio pesado desabou. Denso, denso como fumaça de incêndio.
Um dos conselheiros — um dos mais jovens, recém-nomeado — não conseguiu segurar uma risadinha abafada. Veronica se virou em sua direção como se tivesse ouvido um animal imu