O sol da tarde, filtrado pelas janelas altas da carpintaria, tingia o ar de um dourado pálido, iluminando partículas de poeira que dançavam lentamente. O cheiro de óleo de linho e verniz impregnava o espaço, misturando-se ao aroma de madeira envelhecida. Geoffrey estava imerso no silêncio habitual daquele refúgio, os dedos deslizando sobre o contorno de uma cadeira inacabada, quando batidas firmes na porta o arrancaram de seus pensamentos.
Estranhou. Não ouvira o ronco de um motor, nem os passos na calçada. As batidas se repetiram, mais urgentes.
Ao abrir a porta, deparou-se com Evelyn.
Ela estava envolta em um sobretudo bege, os cabelos levemente desalinhados pelo vento, mas era o olhar que o atingiu — profundo, abatido, carregando um peso que ia muito além do cansaço.
— Evelyn? — a voz dele soou surpresa com um toque de alegria. — O que está fazendo aqui?
— Preciso conversar com você — respondeu ela, atravessando a soleira sem cerimônia, olhando para ele com ansiedade.