Capítulo 20
Monteverde
Sempre me disseram que ser rico teria consequências — e eu vejo isso todo dia. Eu não nasci rico, tive que lutar pra conseguir tudo o que tenho hoje. A maneira? Foda-se. Quem fala que esforço puro traz glória nunca soube o que é passar fome. Eu fiz meu nome, não herdei — diferente do palhaço irresponsável que eu esporrei no mundo.
E hoje sou obrigado a chamar de filho, fazer o quê. Moleque com espírito de mendigo — quer ser engenheiro, imagina. Onde foi que eu errei? Deve ter puxado a mãe dele, a Vera — outra que só me deu prejuízo, a começar por ele.
Quase tive um treco quando a Layla, a bonitinha da recepção (um dia eu ainda pego essa mulher, do jeito que ela se insinua), disse que um delegado queria falar comigo. Delegado? Eu? Alguma merda grande, certeza.
Rômulo Medeiros, ela falou. Depois que desliguei, chamei o Aurélio, meu advogado de confiança. Ele confirmou: o tal Rômulo não é homem de conversa fiada. Cunhado de uma menina que, dizem, tá grávida do meu