Capítulo 17

Érico

Eu fiz o que tinha que fazer com a Laís, mas assim que a porta se fechou, o calor do momento ficou pra trás.

O corpo pode até ter se entregado, mas a cabeça… a cabeça ficou com a Enya.

Pensei no perfume dela — aquela mistura doce e sóbria que grudava na pele e me fazia perder o rumo.

No jeito como os cabelos caíam pelos ombros, meio bagunçados, meio certos demais, como se ela não soubesse o que fazer com tudo aquilo.

E, principalmente, no jeito que ela ficava quando estava nervosa — mordendo o canto do lábio, tentando manter a calma que o mundo insistia em tirar dela.

Eu não entendia por que me puxava tanto pra Enya. Talvez fosse o medo que ela carregava, me lembrando do meu próprio medo.

Talvez fosse só a necessidade de ter alguma certeza em meio a tudo que andava desabando.

Mas sentia, no fundo, que aquele filho podia ser meu. E, por algum motivo que eu não sabia explicar, eu queria que fosse.

Decidi marcar o dia pra ela fazer o teste.

Lembrei que nem tínhamos trocado telefone
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