Érico
Eu fiz o que tinha que fazer com a Laís, mas assim que a porta se fechou, o calor do momento ficou pra trás.
O corpo pode até ter se entregado, mas a cabeça… a cabeça ficou com a Enya.
Pensei no perfume dela — aquela mistura doce e sóbria que grudava na pele e me fazia perder o rumo.
No jeito como os cabelos caíam pelos ombros, meio bagunçados, meio certos demais, como se ela não soubesse o que fazer com tudo aquilo.
E, principalmente, no jeito que ela ficava quando estava nervosa — mordendo o canto do lábio, tentando manter a calma que o mundo insistia em tirar dela.
Eu não entendia por que me puxava tanto pra Enya. Talvez fosse o medo que ela carregava, me lembrando do meu próprio medo.
Talvez fosse só a necessidade de ter alguma certeza em meio a tudo que andava desabando.
Mas sentia, no fundo, que aquele filho podia ser meu. E, por algum motivo que eu não sabia explicar, eu queria que fosse.
Decidi marcar o dia pra ela fazer o teste.
Lembrei que nem tínhamos trocado telefone